São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Ford luta com technicolor

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A saga dos pioneiros da Nova Inglaterra, associada à luta pela independência dos Estados Unidos, é menos clara do que costumam ser os filmes americanos. O que se poderá comprovar neste ``Ao Rufar dos Tambores" (Record, 13h15).
A partição evidente entre bons e maus, mocinhos e bandidos, acaba se complicando. Existem ingleses, índios, franceses, voluntários da independência, colonos.
Os índios, que o faroeste consagrou -na era clássica- como vilões da história, costumam, nesta saga e ao contrário do faroeste- oscilar de um lado para outro, sempre na condição de objetos da história, nunca de sujeitos a quem se atribui uma função definida, além de estar ali estragando uma trama de brancos.
Daí que uma das características interessantes deste filme seja centrar fogo na história dos colonos, em particular do casal Henry Fonda/Claudette Colbert. É na linha de Ford: buscar o heroísmo do cotidiano, pôr em relevo o que há de incomum no homem comum.
Ainda assim, pode-se pensar em outros filmes de Ford mais animadores, nesse período: ``No Tempo das Diligências", ``A Mocidade de Lincoln", ``As Vinhas da Ira", ``Caminho Áspero" (todos feitos entre 39 e 41) são superiores por diferentes motivos.
O que eles têm em comum é o preto-e-branco, além de um cenário natural menos exuberante, menos invasivo. Mesmo sendo John Ford, esse cenário e as cores do technicolor -que usava pela primeira vez- interferem no conjunto, como uma espécie de ruído que se imiscui e se constitui numa ameaça permanente a rondar a essência do filme. (IA)

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