São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Baianos unem escracho e sensualidade

RENATO SZTUTMAN
DA REDAÇÃO

Espetáculo: Os Cafajestes
Autora: Aninha Franco
Direção: Fernando Guerreiro
Elenco: Oswaldo Mil, Daniel Boaventura, Fábio Lago e George Vassilatos
Quando: quinta a domingo, às 20h
Onde: Bar Avenida (av. Pedroso de Moraes, 1.036, tel. 011/814-7383)
Quanto: R$ 15,00

Depois de um ano em cartaz em Salvador, a comédia musical ``Os Cafajestes" chega a São Paulo, onde estreou ontem.
A trupe baiana tem boas perspectivas para a temporada. ``Os paulistas se mataram de rir na pré-estréia (na última segunda-feira)", diz Fernando Guerreiro, diretor do espetáculo.
Guerreiro tornou-se conhecido pelo público paulistano com o besteirol ``A Bofetada", apresentado em 1991. O escracho tinha apenas começado.
Com texto da dramaturga Aninha Franco, ``Os Cafajestes" trata o machismo de forma debochada.
A peça cria uma situação em que quatro típicos machões conspiram contra a idéia da liberação feminina. Cada qual, apesar das divergências, não decepciona a platéia com suas ``machezas".
As agressões ao sexo feminino são constantes durante todo o espetáculo. Muitas espectadoras, inconformadas, não poupam vaias.
``Confesso que somos politicamente incorretos. Assumimos o deboche e relaxamos", afirma Guerreiro.
O diretor acredita que esta ``coragem de esculhambar tudo e todos" é característica do teatro baiano. ``Há algo de `caliente' que nos deixa mais soltos", diz.
Assim, o espetáculo foge dos limites do palco, convidando a platéia a participar. Não se trata de algo do gênero ``interativo". ``É um espetáculo participativo", define Aninha Franco.
Os atores cantam e dançam, principalmente com pessoas da platéia. ``Exercitamos a flexibilidade pélvica", diz Daniel Boaventura, um dos atores.
``As paulistas ficam muito excitadas com este show de virilidade", afirma Aninha. Não por acaso, cantadas e beliscões já são encarados pelos atores como trivialidades do espetáculo. ``O espetáculo acaba virando sessão de terapia", diz Guerreiro.
Para embalar a noite, 16 canções foram selecionadas, todas referentes ao tema do machismo.
``Ai que Saudades da Amélia", de Mário Lago e Ataulfo Alves, e ``Mesmo que Esse Homem Seja Eu", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, são alguns dos pontos altos da noite.
Apenas uma canção foi composta para o espetáculo. Trata-se de ``Ai se nos Faltarem Essas Mulheres", de Márcio Mello. Com ela, completa-se uma declaração de amor, por assim dizer.
``Os homens confessam, no final, que não vivem sem as mulheres, na cozinha e no tanque, é claro", ironiza Guerreiro.

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