São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Prisioneiros preocupam brasileiro libertado

ROGÉRIO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A ZAGREB

O capitão brasileiro e observador militar da ONU João Batista Bezerra Leonel Filho, libertado quarta-feira pelos sérvios da Bósnia-Herzegóvina, disse ontem que continua preocupado com o restante dos reféns mantidos na região.
``Eu estou bem, apenas preocupado com os outros companheiros que ainda estão lá", disse o capitão à Folha, ao deixar a base da ONU em Zagreb (capital da Croácia), no final da tarde de ontem (final da manhã no Brasil), com destino à casa de outro militar, onde está hospedado.
Leonel foi informado sobre a repercussão que as prisões dele e do capitão Harley Alves pelo Exército sérvio tiveram no Brasil e disse ter ficado emocionado e surpreso.
``Já me mostraram recortes (de jornais). É uma coisa que realmente a gente não esperava", afirmou.
Segundo o capitão, que deixou a base da ONU às 17h (12h em Brasília) em um ônibus da organização, a viagem até Zagreb depois da sua libertação foi tranquila. ``Foi longa, mas foi boa." Ele foi entregue pelos sérvios ao negociador da Iugoslávia (Sérvia e Montenegro), Jovica Stanisic, na fronteira da Bósnia com a Federação Iugoslava.
Ele afirmou ainda estar cansado. ``Eu vou para casa descansar porque de ontem (quarta) para hoje eu não dormi quase nada."
Logo depois de chegar a Zagreb, na noite de quarta, Leonel foi examinado por cerca de 15 minutos no hospital militar ao lado do aeroporto, quando não foi registrado nenhum problema de saúde com ele.
Ontem, ele passou o dia todo em entrevistas com seus superiores sobre os 13 dias em que ficou isolado pelos sérvios da Bósnia.
O capitão deverá receber algumas folgas, provavelmente a partir de amanhã. O período ainda não foi definido, mas deverá ser de seis a dez dias.
Durante sua folga, Leonel terá liberdade de ir para onde quiser. Poderá inclusive visitar sua família no Brasil. Depois, o capitão deverá voltar a seu posto próximo a Sarajevo, capital da Bósnia.
O porta-voz da ONU em Zagreb, Fred Eckhard, afirmou ontem que existem ainda 146 reféns nas mãos dos sérvios, número não-confirmado pelo comando das forças de paz em Sarajevo.
Segundo ele, há 72 franceses, 5 britânicos, 12 canadenses, 23 observadores militares (incluindo o capitão brasileiro Harley Alves) e 34 russos.
O comando da ONU em Sarajevo tinha o mesmo quadro, mas afirmava que havia apenas 33 russos em poder dos sérvios.

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