São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Marciano; Santos e Simão; Sexo e adolescência; Saudade do AI-5; Quem?; Retranqueiro; Produtivos; Ame-o ou deixe-o; O que preenche bem

Marciano
``Como leitor e grande admirador da linha editorial deste jornal não poderia deixar de parabenizar a Folha pelo seu editorial intitulado `Alô, alô, marciano', publicado no dia 4/6. A verdade é que, se um marciano tivesse pousado no Brasil em 1985 e voltasse dez anos depois, ficaria atônito e bastante preocupado em saber quem realmente manda neste país, se é o esposo da sra. Ruth Cardoso ou são os ministros Sérgio Motta, que diz o que quer e até critica o próprio governo, José Serra, que controla as verbas federais de forma implacável e não abre o cofre nem para os aliados do governo -diga-se de passagem, um ministro que há muito tempo o Brasil necessitava-, ou Pedro Malan, o diplomata que nos piores momentos serve para fazer pronunciamento à nação dizendo que está tudo bem. O marciano imaginário veria também que FHC é refém do PFL e do PMDB na Câmara e no Senado e não consegue aprovar nada nesta revisão constitucional se não obtém o apoio desses dois partidos -porém quem fala mais alto é o PFL, que cobra a todo o instante o apoio que lhe emprestou para sua eleição, ao ponto de seu maior cacique, o senador Antônio Carlos Magalhães, fazer um discurso no Senado avisando a todos que `esse governo é nosso'. O marciano teria a certeza absoluta de que, passados dez anos, o Brasil continua tentando se encontrar, tentando acertar para consolidar de uma vez por todas esta democracia, que já mostrou ao mundo que é inabalável ao ponto de resistir ao impeachment de um presidente, a greves como a dos petroleiros e a uma Comissão Parlamentar de Inquérito para os até então intocáveis deputados e senadores que foram cassados pela CPI do Orçamento. Enfim, o marciano ou inglês imaginário do editorial da Folha teria também a certeza de que daqui a dez anos, quando voltar novamente, poderá ver um Brasil moderno e arrojado caminhando rumo à consagração democrática, que o transformará em uma grande potência em um futuro bem próximo, apesar de tudo."
Isaias Ribeiro, diretor do jornal ``O Solimões" (Manaus, AM)

Santos e Simão
``Sou leitor da Folha há vários anos, mas há apenas um ano sou um feliz e privilegiado assinante. O fato que me motivou a escrever alicerça-se em uma reclamação referente à coluna do sr. José Simão publicada na Ilustrada no dia 1/6. Em nome de muitos outros assinantes e leitores da Folha, membros da comunidade santista de Jaboticabal, venho repudiar as sátiras feitas ao jogador argentino Maradona e ao Santos. No artigo, o sr. Simão chamou o Santos de droga e o atleta Maradona de drogado. Dessa forma subentende-se que quem gosta do Santos gosta de drogas ou é drogado, e isso denigre a imagem do clube, do atleta e da torcida do time. Senhor Simão, o Santos é grande, é maior do que o sr. pensa -e, ainda se não o fosse, mereceria respeito. Quanto ao Maradona, acho que todos têm o direito de se recuperar de seus fracassos. Como assinante e homem de boa paz, fiquei ofendido com o artigo."
Wanderlei Dibelli (Jaboticabal, SP)

Sexo e adolescência
``Muitos jovens têm procurado consultórios particulares para consultas sobre aborto. Falar e escrever sobre sexo tem que ser de forma clara e aberta, como escreve Rosely Sayão, psicóloga, na coluna `Sexo' do Folhateen. E não esqueçam de usar a camisinha."
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do Centro Pastoral de Orientação e Educação à Juventude (São Paulo, SP)

Saudade do AI-5
``Espero que a direção da Petrobrás faça justiça, substituindo pelo menos num prazo de 12 meses todos os grevistas, dando emprego a quem queira trabalhar para o progresso desta nação. O governo brasileiro deverá estudar uma medida que proíba greves nos setores de transporte, medicina, educação, bancários, combustível para transporte em geral e outros. Muitos dos grevistas não devem saber o que era o AI-5, que está fazendo muita falta nesta hora."
Daniel Mandel (Balneário Camboriu, SC)

Quem?
``Na mesma Folha (`Espinha dorsal', de Carlos Heitor Cony e `Quimioterapia é mesmo horrível', de Gilberto Dimenstein), no mesmo dia (5/6) e na mesma seção (Opinião): dois ilustres jornalistas e duas opiniões diferentes, antagônicas, de como ver o Brasil de hoje. Quem está certo? O velho (com respeito), arguto e combativo Carlos Heitor Cony, já curtido de tantas lutas e sofrimentos, ou o jovem Gilberto Dimenstein, neoconverso às virtudes do neoliberalismo e ao irresistível charme dos nossos neoliberais?"
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

Retranqueiro
`Sobre as palavras do `professor' Zagallo, quando afirma que é um vencedor e não um retranqueiro, gostaria de perguntar a ele por que em 1974, com tantos craques atuando naquela época, encontramos tanta dificuldade para jogar um bonito futebol e, principalmente, para fazer o tão esperado gol. Zagallo, Coutinho, Parreira, Lazaroni, todos eles vêm da mesma escola, a escola do medo. É por essa razão, e por ser amante do belo futebol, que tenho mais lembranças das copas de 82 e 86 do que desta última, à qual, como forma de protesto pelo esquema defensivo, assisti de preto."
Emmanuel de Castro Sampaio (Salvador, BA)

Produtivos
``Há algum tempo, a Folha publicou uma lista de cientistas `improdutivos' que foi um desastre total. Agora publica uma lista dos `produtivos' que é um sucesso. A própria Folha reconheceu as limitações da avaliação e apresentou corretamente algumas ressalvas. Várias cartas e artigos excelentes, como os de Arthur Macedo, Fava de Moraes e Armelin, trouxeram novos esclarecimentos. Os cientistas citados são, de fato, produtivos. Isso deu valor à reportagem. Mas pelo menos dezenas de outros cientistas, fora da lista, têm dado extraordinária contribuição à ciência no Brasil. Por isso, minha conclusão é que os produtivos não são `a' elite da ciência brasileira, e sim parte dela."
Ademar Freire-Maia, presidente do Conselho Federal de Biologia e secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (Brasília, DF)

Ame-o ou deixe-o
``Não sou fã do colunista Arnaldo Jabor nem li seu artigo do dia 10/5. No entanto nada que tenha sido escrito justifica a retomada do slogan `Brasil, ame-o ou deixe-o'. O slogan citado é símbolo do regime militar, autoritário, ufanista e cerceador da liberdade de expressão."
Pedro de Miranda Costa (Araraquara, SP)

O que preenche bem
``Nesses dias sombrios, nos quais nossa imprensa tem revelado suas piores características, salvo raras exceções, Janio de Freitas desponta como a maior dessas últimas: ele não teme demonstrar, diariamente, como são obtusos, incompetentes e servis aqueles que se dizem nossos líderes. Parabéns à Folha, que garante o espaço, e a Janio, que o preenche de forma admirável."
Paulo André B. Mendes (Belo Horizonte, MG)

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