São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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92,8% dos jovens mortos não são infratores

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O dado, divulgado ontem, é resultado de pesquisa realizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pelo Unicef, o fundo das Nações Unidas para a infância.
A pesquisa, concluída em maio deste ano, acompanhou inquéritos e processos criminais envolvendo 622 jovens mortos em 1991.
Segundo o levantamento, quatro entre dez crianças e adolescentes mortos violentamente na cidade são vítimas de homicídios.
Os assassinatos representaram 42,43% das mortes violentas -que também incluem acidentes.
Segundo a socióloga responsável pelo trabalho, Myriam Mesquita, a maior contribuição da pesquisa foi demonstrar que ``a grande maioria das crianças vítimas de homicídio (92,83%), ao contrário do que supõe o senso comum, não está ligada à delinquência.".
O levantamento demonstrou que 49,51% das crianças assassinadas -identificadas nos processos e inquéritos- possuíam emprego fixo e que 17,92% delas eram estudantes. Entre as vítimas, 3,91% eram menores de cinco anos.
Segundo a pesquisa, o perfil dos assassinados é de garotos entre 15 e 17 anos, negros e mulatos, com família, endereço fixo, trabalhadores ou estudantes e vivendo nas regiões mais pobres da cidade.
Myriam disse não teve acesso aos processos sob responsabilidade da Auditoria de Justiça Militar.

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