São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Laudo não decifra códigos secretos de Noal

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A perícia do IC (Instituto de Criminalística) não conseguiu decifrar os códigos usados para designar os pagamentos da contabilidade do maior banqueiro do jogo de bicho de São Paulo, Ivo Noal.
A contabilidade de Noal foi divulgada com exclusividade pela Folha. Ela revela as 18 contas bancárias, os 274 funcionários, os 266 pontos de jogo informatizados e os pagamentos feitos pelo bicheiro entre 89 e maio passado.
O laudo do IC ficou pronto na última quarta-feira e tem cerca de 50 páginas. Ele analisa os arquivos de um computador apreendido na fortaleza (central de apuração de apostas) de Noal e é assinado pelo perito Edson do Amaral.
A Corregedoria da Polícia Civil suspeita que os códigos da contabilidade (FUNC, PORC, VALOR CTA, CRU e NUM) escondam subornos pagos. Alguns pagamentos escapam ao controle dos códigos e são descritos como ``acerto e pp". Acerto e a sigla ``pp" podem significar pagamento de propina.
Ao lado dos códigos dos pagamentos há as siglas``PT, PTN e COR". O laudo concluiu que elas são referências às três extrações diárias do bicho -Paratodos, Paratodos Noturna e Corujinha.
Segundo a perícia, o arquivo ``4-EXE Setor" do computador apreendido mostra o desempenho mensal das lojas (pontos de jogo do bicho) e a abertura e o fechamento diários do caixa do jogo.
Nesse arquivo também há balancetes das lojas e o controle de cheques pagos e recebidos pelo bicheiro. Os cheques serão rastreados pela corregedoria para saber quem recebeu dinheiro de Noal.
Um segundo arquivo analisado pela perícia está no computador com o nome ``S/A EXE". Dele constam dados classificados como ``secretaria" (quem são os gerentes de Noal e suas áreas de atuação) e uma lista de funcionários.
No mesmo arquivo, a perícia também achou as contas bancárias usadas para movimentar o dinheiro do jogo e as gratificações pagas por Noal. A corregedoria rastreará os cheques dessas contas.
Em 43 dos 47 disquetes apreendidos, a perícia não encontrou arquivos gravados. Em quatro deles, há informações sobre a contabilidade de Noal em 1989 e em 1990.

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