São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Ucrânia cede base naval à Rússia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Rússia e Ucrânia chegaram ontem a um acordo sobre a frota naval do Mar Negro. A posse dos navios na região -com cerca de 300 embarcações- era o principal ponto de discórdia entre Rússia e Ucrânia desde o fim da União Soviética, em 1991.
Pelo acordo de ontem, a Rússia continuará a usar a base de Sebastopol, na península da Criméia, em território ucraniano.
Em reunião na cidade balneária de Sochi, os presidentes da Rússia, Boris Ieltsin, e da Ucrânia, Leónid Kutchma, assinaram tratado que põe fim à questão.
Rússia e Ucrânia têm extensas costas no mar Negro. A frota na região era uma das principais forças navais da ex-URSS.
Os dois países já haviam chegado a acordo sobre a divisão em partes iguais da frota. A Ucrânia venderá dois terços de sua parte para a Rússia para pagar dívidas de fornecimento de gás e petróleo.
Nada havia sido decidido, no entanto, sobre onde a Rússia basearia seus navios.
A decisão de ontem não esclarece se a Ucrânia poderá construir outra base na península da Criméia para instalar sua parte da frota. Também não define quanto a Rússia pagará de aluguel pela base de Sebastopol.
"Considero este um momento histórico porque ele abre caminho para as futuras relações russo-ucranianas", disse Ieltsin, ao sair da reunião, surpreendendo funcionários dos governos de ambos os países, que não esperavam nenhum resultado importante.
Os dois presidentes vão se reunir todo mês para monitorar a aplicação do acordo.
"Um enorme passo à frente foi dado", disse o presidente ucraniano Kutchma. "O nó das relações entre Ucrânia e Rússia foi desatado".
O principal ganho da Ucrânia na cessão da base de Sebastopol aos russos mediante aluguel é garantir a posse do território da Criméia.
A população russa da Criméia, que é numerosa e vive em função da frota do mar Negro, reivindica a integração da península à Rússia. "Sebastopol é uma cidade ucraniana", definiu o vice-premiê ucraniano Boris Tarasiuk depois do acordo.
Ieltsin e Kutchma se abraçaram e beijaram várias vezes durante a entrevista coletiva que se seguiu à assinatura do tratado. Depois apareceram em mangas de camisa e óculos escuros no hotel em que se realizou a reunião.

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