São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Latino sem preconceito

sua marca registrada. A música seria brega, se não fosse funk. "Marcas de Amor, o álbum de estréia, já superou as 300 mil cópias vendidas. "Me leva, o hit, é séria concorrente à canção mais pegajosa dos últimos tempos. Seu próximo passo é abolir de vez o play-back -nos shows que vem fazendo Brasil afora, ele canta sobre música gravada em fita. Latino, aliás Roberto de Souza Rocha, está ensaiando com uma banda de 12 integrantes, um luxo para os chamados "artistas populares (com milhares de discos vendidos e prestígio zero). "Se, com play-back, eu boto dez mil pessoas num show, com banda eu vou destruir, diz o novo astro, a pretensão assumida como uma segunda pele.
Hoje, faz cerca de 40 shows por mês -a maioria em locais sem estrutura, sem equipamento de som adequado, sem segurança. O amadorismo dos empresários nacionais já lhe custou caro.
"Fui parar no hospital, fiquei com o sangue preso durante um mês, de tanto as mulheres puxarem o meu pindongo, diz, usando sua gíria preferida para o objeto de desejo das fãs. O episódio em questão aconteceu em Belo Horizonte, quando uma saída bloqueada o obrigou a passar no meio da platéia. A escolta policial foi ao chão. Suas roupas, também. "Elas vinham para destruir, para me comer com garfo e faca.
Cansado de apanhar No fenômeno Latino, sexo é fundamental. A voracidade das fãs, que lotam os shows por todo o Brasil, impressiona. "Eu apanho muito, diz. "Elas não ficam mais satisfeitas só em me ver. O rapaz está assustado. "As meninas choram, se jogam em cima do carro. Já pensou uma garota se matar por minha causa?
Um roqueiro ilustre já disse que, quando você é um símbolo sexual, o público "consegue ver através das suas calças (Robert Plant, ex-Led Zeppelin). "Às vezes elas vêm pedir autógrafo e ficam olhando, assim, para as minhas coisas. Elas acham que, porque eu rebolo, sou bom de cama. Não tem nada a ver!
Algumas, porém, preferem conferir "in loco os dotes do cantor. "Estaria mentindo se dissesse que não rola um clima de vez em quando. Artista que diz que não rola é maluco, ou não gosta da fruta.
Pepinos nos EUA Em São Paulo, ele é mais conhecido por aparições no "Xuxa Park e no "Domingão do Faustão, na TV Globo. No Rio, porém, Latino é moda -imitado por crianças, adorado por mulheres e invejado por "funkeiros (frequentadores de bailes funk).
Toda essa febre é, na verdade, o resultado do cruzamento de um fenômeno local -o crescimento do funk nas pistas de dança da zona sul carioca- com o eterno apelo das melodias grudentas, fáceis de ouvir e difíces de esquecer (típicas da "música brega). Junte-se a isso uma dose de erotismo, "caliente. Funciona, ao menos por um tempo.
Foi nos bailes da vida, em troca de atenção, que Latino começou sua subida. Nos bailes da periferia ele

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