São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Guerra entre traficantes provoca 3 mortes

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma guerra entre duas quadrilhas de traficantes é a principal suspeita da polícia para justificar a morte de três homens em uma chacina na favela do Jardim Colonial (zona leste de São Paulo).
O crime aconteceu na segunda-feira à noite, mas supostos traficantes da favela só teriam permitido aos familiares dos mortos comunicar a polícia na tarde de anteontem.
Décio Bonfim dos Santos e dois outros homens, ainda não identificados pela polícia, teriam sido assassinados com tiros de fuzil.
Segundo o delegado Antônio Mestre Junior, 42, da 8ª Delegacia Seccional, cerca de dez traficantes participaram do tiroteio.
Na terça-feira de manhã, um familiar de Santos foi à favela e teve que pedir autorização aos supostos traficantes para avisar a polícia e saber onde estavam os corpos.
No fim da tarde, um menino, usado como entregador de drogas, indicou para o familiar de Santos um barraco onde os três mortos estariam enterrados. O familiar foi até ao 49º DP, que fica a cerca de 300 metros da favela.
Os policiais cavaram no barraco, mas só acharam roupas enterradas. Os corpos estavam em uma fossa, perto de um barranco.
O Corpo de Bombeiro foi chamado para resgatar os corpos. A operação só terminou na madrugada de ontem. A polícia cercou a favela, mas não conseguiu prender nenhum suspeito do crime.
O delegado Mestre Junior, que preside o inquérito, disse que um dos mortos era conhecido pelo apelido de ``Tatuagem". Ele teria assassinado uma mulher que comandaria o tráfico na favela havia cerca de um mês.
Por isso, ele desconfia que a chacina tenha sido mais um confronto entre os grupos rivais de traficantes. ``A vítima identificada (Santos) era procurada pela polícia e tinha passagens por roubo, homicídio e tráfico", disse.
Santos era fugitivo da cadeia do 66º DP e estava com metade do crânio dilacerado pela bala que o matou. ``Vários carros da polícia foram atingidos por tiros de traficantes dessa favela nos últimos meses", afirmou o delegado.
Mestre Junior disse que dos cerca de 45 assassinatos ocorridos por mês na região da 8ª Delegacia Seccional (São Mateus), cerca de dez estão ligados à guerra de quadrilhas de ladrões ou traficantes.
A polícia recebeu a informação de que um dos autores da chacina teria sido baleado pelas vítimas no tiroteio. ``Estamos pesquisando nos hospitais da cidade para saber se essa pessoa foi internada em algum lugar", disse Mestre Junior.
O caso deveria ser investigado pelo Departamento de Homicídios. Mestre Junior decidiu não mandar o inquérito para aquele departamento. ``Quero dar um duro golpe no tráfico de drogas."

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