São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Conquista gremista seria um mal para o futebol

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi assim que o Grêmio desclassificou o Flamengo, na fase semifinal da Copa do Brasil: levou um vareio no Maracanã; perdia de 2 a 0, mas fez o golzinho salvador, que lhe permitiria pular às finais no Olímpico. Sim, porque ontem o Grêmio, apesar da violência incontrolável, que explodiu na expulsão de Mancini, conseguiu escapar do Pacaembu também com uma derrota de 2 a 1, diante do Corinthians, o que lhe dá a vantagem de ganhar lá pelo mínimo, o indigente 1 a 0.
Sem nenhum regionalismo, que isso é burrice, e reverenciando o espírito guerreiro do Grêmio, um dos atributos básicos do campeão, comparando-se os dois times, seria um mal para o futebol a conquista gremista.
Não que o Corinthians seja o paradigma do futebol-arte, longe disso. Mas o Grêmio é a própria síntese daquele pragmatismo quase borgiano: o veneno que assegura o poder. Marca muito bem, bate muito mais, e, de vez em quando, arrisca-se a um contragolpe rápido com Paulo Nunes, ou a um cruzamento alto na área para o gigante Jardel.
É pouco no instante mágico que vaza o futebol brasileiro.
Já o Corinthians, ao menos, tem o menino Souza, cheio de dengos, com aquela canhotinha esperta. Tem Marcelinho e seus tiros e centros traiçoeiros. Ao atirar, colheu o goleiro adversário no contra-pé e assegurou a vitória. Ao centrar, colheu Viola na área, a seta negra, para se contrapor a Di Stéfano, ``la saeta rubia". E tem Viola, um sarro. Queremos o sarro.

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