São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 1995
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Fórum discute seguro contra sequestro

RODNEY VERGILI
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON (EUA)

Missão de 34 seguradores brasileiros iniciou, ontem, uma série de contatos com representantes do governo norte-americano e líderes empresariais dos Estados Unidos com o objetivo de aumentar os negócios entre os dois países.
No 1º Fórum Estados Unidos-Brasil sobre Seguros que se realiza em Washington (EUA), a pauta das discussões acabou sendo desviada para a venda de apólices de seguros contra sequestros no Brasil por parte de seguradores norte-americanos.
Henrique Brandão, presidente do Sindicato de Corretores de Seguros e Capitalização do Rio de Janeiro, disse a Jude Kearney, representante do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que companhias americanas realizam negócios com seguros contra sequestros, sem mesmo se registrarem nos órgãos governamentais brasileiros. O que é ilegal, diz.
Kearney disse que tomará as providências após a formalização das denúncias por parte dos representantes de corretores de seguros do Brasil. Brandão disse que já apresentou a denúncia na Justiça e na Polícia Federal do Brasil e deverá formalizar sua queixa junto ao governo norte-americano.
Segundo ele, companhias americanas estariam contratando pessoas no Brasil para oferecer seguros de vida contra sequestros.
O brasileiro interessado no seguro se registra na companhia americana com um endereço falso. É orientado a informar que reside, por exemplo, em Miami (EUA).
Os pagamentos são feitos utilizando-se dólar no mercado paralelo, disse Brandão.
Ele observa que os compradores dos seguros são basicamente investidores de alta renda. As pessoas se interessam em fazer os seguros das empresas norte-americanas, pois os preços são menores.
Além disso, há desinteresse das companhias brasileiras devido aos riscos envolvidos e à inexistência de regulamentação no Brasil do seguro contra sequestros, afirmou Brandão.
Crescimento
João Elisio Ferraz de Campos, presidente da Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg), disse que as seguradoras brasileiras esperam um crescimento do mercado como um todo com a abertura ao capital estrangeiro.
Em 1994, as 130 seguradoras brasileiras movimentaram US$ 11 bilhões, o que significou um valor menor do que as vendas mundiais -US$ 11 bilhões- da Coca-Cola no mesmo período.
Ferraz de Campos diz que o mercado segurador brasileiro é concentrado, com as cinco maiores seguradoras abocanhando 55% da receita total. Ele acredita que com a entrada de novas companhias estrangeiras haverá uma tendência de redução no número de seguradoras existentes.

O jornalista RODNEY VERGILI viajou a Washington a convite da Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) e do International Insurance Council dos Estados Unidos.

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