São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Cota de importação gerou crise com Menem

Presidente argentino ameaçou cancelar visita ao Brasil

DA REDAÇÃO

A definição de cotas de importação de automóveis pelo governo Fernando Henrique Cardoso gerou uma crise com a Argentina do presidente Carlos Menem.
FHC assinou segunda-feira medida provisória que restringe a 100 mil carros a importação até o final do ano, metade do total que entrou no país desde janeiro.
A afirmação da ministra da Indústria e Comércio, Dorothéa Werneck, de que a restrição de carros importados incluiria os da Argentina e de outros países do Mercosul (Mercado Comum do Sul), descontentou Menem.
O presidente argentino reagiu com um ultimato ao governo brasileiro: só participaria do seminário sobre Mercosul programado para amanhã em São Paulo, se FHC recuasse na restrição às importações.
FHC minimizou a reação de Menem e telefonou para o presidente. Afirmou que as importações do Mercosul seriam tratadas em regulamentação específica. Na sexta-feira, FHC enviou carta a Menem reiterando o convite para visita ao Brasil e a disposição de negociar o sistema de cotas.
O ministro do Planejamento, José Serra, disse que o Brasil caminha para um regime de limite às importações de automóveis semelhante ao da Argentina.
Para Serra, a medida provisória que estabelece as cotas de importação de veículos diz ``com clareza" que as restrições se aplicam ``no geral", enquanto o artigo oitavo diz que será discutido e fixado um regime específico para o Mercosul.
Menem, então, decidiu confirmar sua visita ao Brasil.
Além da disputa com o governo argentino, a cota para importação de carros também foi tema de divergências entre os ministros José Serra e Pedro Malan (Fazenda).
Serra defendia restrições à importação, com o que não concordava Malan. A disputa obrigou FHC a ameaçar a equipe econômica com demissões.
Com as cotas para importação saem ganhando as montadoras instaladas no país porque a concorrência com os fabricantes estrangeiros sem filiais no Brasil será reduzida.
Saem perdendo os consumidores -que deixam de se beneficiar da concorrência imposta pela entrada dos carros produzidos no exterior- e importadores autônomos (desvinculados de montadoras), que, como não produzem, terão suas vendas limitadas.

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