São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Cientistas desafiam cirurgiões do além

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
EDITOR-CHEFE DO NOTÍCIAS POPULARES

A ciência recarrega suas baterias no combate às chamadas ``operações espirituais". Enquanto milhares de pessoas peregrinam todos os dias a lugarejos tão obscuros quanto Abadiânia (GO) e Jacarezinho (PR), os cientistas só fazem reforçar seus ceticismo.
``O tempo passa e a cada dia eu fico mais descrente", diz José Atílio Vanin, professor de físico-química da USP que há décadas estuda magia. ``É tudo truque."
Plasticamente, no entanto, as ``cirurgias astrais" assombram. No Rio, Benedito Ferreira da Silva não usa instrumentos cortantes e obtém efeitos iguais ao de uma incisão com bisturi. Terminada a ``operação", nem cicatriz resta.
Em Goiás, João Teixeira de Faria raspa pontas de facas nos olhos de doentes, extrai tumores com tesouras, fura com uma agulha de injeção a bochecha de um paciente com tumor no ouvido esquerdo. Ninguém reclama de dor.
O farmacólogo Sérgio Ferreira, da Faculdade de Medicina da USP (Ribeirão Preto), rebate explicações sobrenaturais, lembrando que o corpo fabrica seus próprios anestésicos, sob condições de tensão extrema.
A Folha visitou cinco centros de ``intervenções espirituais" no Brasil. Todos afirmam nada cobrar. Alguns dizem não aceitar nem doações.

LEIA MAIS sobre `operações espirituais' nas págs. 2 e 3

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