São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Nova técnica reduz riscos e custo da laparoscopia

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um aparelho que tem o diâmetro de um canudinho (1,7 milímetro) promete revolucionar a técnica convencional de laparoscopia.
A laparoscopia é um método de avaliação e tratamento das cavidades do organismo muito menos ``invasivo" que as cirurgias.
O novo ``microlaparoscópio" é seis vezes menor que o aparelho tradicional e dispensa até os pequenos cortes necessários na laparoscopia (veja desenho abaixo).
Uma agulha introduzida na região do umbigo permite a passagem de um delicado e preciso sistema óptico para dentro da cavidade abdominal.
Francesco Viscomi, chefe do setor de infertilidade e endoscopia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, explica que esse sistema é acoplado a uma minúscula câmara que capta as imagens e as transmite para um monitor de vídeo.
A mesma agulha serve de canal para a passagem de gás carbônico -que vai ``insuflar" a cavidade para que o especialista possa observar todos os órgãos.
Outras duas agulhas colocadas em cada um dos lados do abdome permitem a passagem dos microinstrumentos (pinças, tesouras, bisturis e até pequenos tubos que ``lavam" o interior da cavidade).
O tamanho reduzido da punção (corte) feita pelas agulhas elimina a necessidade de pontos após a retirada dos instrumentos. Basta colocar uma espécie de fita adesiva sobre os orifícios. Não há cicatriz.
A ocorrência de complicações (dores e infecções) é ainda menor do que na técnica convencional. Os custos são mais baixos e a recuperação é mais rápida.
A anestesia pode ser de bloqueio (aplicada na coluna vertebral) ao invés da anestesia geral. O paciente não precisa ser internado e, seis horas depois da microlaparoscopia, pode voltar para casa.
A nova técnica começou a ser usada nos Estados Unidos e na Europa há um ano e chegou ao Brasil em agosto de 94. Viscomi diz que, desde então, cerca de dez brasileiras utilizaram o microlaparoscópio. Os três aparelhos em uso no país estão no Rio e em São Paulo.
O novo método pode ser aplicado para diagnosticar problemas ginecológicos e para realizar pequenas cirurgias como biópsias, punção de cistos, desobstrução de trompas e retirada de cicatrizes.
A técnica tem algumas limitações. Ela não pode ser empregada em cirurgias maiores como a remoção de miomas (tumores benignos da parede do útero) e para a retirada do próprio útero.
Nesses casos, o especialista pode usar o microlaparoscópio para avaliar os órgãos e, depois, introduzir o laparoscópio tradicional para efetuar a cirurgia.
Segundo Viscomi, a inspeção da cavidade abdominal alguns meses após uma cirurgia é outra indicação para a microlaparoscopia.

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