São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Comprar apartamento novo deve ficar mais caro e difícil

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor imobiliário já começa a sentir os efeitos do desaquecimento geral da economia, manifestado inicialmente pela redução das vendas no comércio e depois pela queda das encomendas na indústria.
``As vendas de apartamentos novos, na cidade de São Paulo, caíram entre 10% e 15% nos últimos 45 dias", diz Ely Wertheim, vice-presidente do Secovi (sindicato da habitação).
Apesar disso, Wertheim afirma que o número de negócios continua sendo elevado e que esta redução não é uma tendência. Tanto que ele não aposta em queda na quantidade de lançamentos de novos prédios daqui para a frente.
Esta aposta reflete também sua crença no sucesso do Plano Real. ``As perspectivas do plano são muito boas", diz. Para ele, o setor imobiliário, que trabalha a longo prazo, só pode ser bem-sucedido em uma economia estável.
Preço maior
É preciso lembrar, entretanto, que comprar um apartamento em empreendimentos lançados a partir de agora pode ficar mais difícil. Os preços estão subindo e as condições de financiamento podem se tornar mais desfavoráveis para os compradores.
Para Wertheim, são dois os fatores responsáveis pela elevação do preço de imóveis novos.
Em primeiro lugar está a alta do custo dos materiais de construção. ``Os aumentos foram em torno de 2% a 3% ao mês nos últimos cinco meses", diz o vice-presidente do Secovi.
Além disso, a própria estabilidade trazida pelo Plano Real gerou uma valorização dos imóveis.
``Nos novos lançamentos, o preço final dos apartamentos deve ter uma alta real (acima da inflação) entre 10% e 15%", afirma Wertheim.
Financiamentos
Os financiamentos oferecidos aos compradores de imóveis pelas próprias construtoras também devem sofrer alteração daqui para frente, acredita o vice-presidente do Secovi.
Nos empréstimos existentes no mercado, em geral, o comprador paga 50% do valor do apartamento durante sua construção. Os outros 50% costumam ser quitados em um prazo de cinco anos.
``Esta proporção deve sofrer mudanças nos novos lançamentos", diz Wertheim. A tendência, segundo ele, é de que o comprador pague entre 60% e 70% do imóvel até receber as chaves e, o restante, em cinco anos.
``Construir, hoje, está custando mais caro. Como os empréstimos bancários são escassos e os juros muito elevados, as empresas precisam ter mais recursos próprios durante a fase de construção", diz ele, justificando assim a mudança na forma de pagamento.
Inadimplência
Os compradores de apartamentos novos estão pagando em dia as prestações dos financiamentos. ``Alguns até antecipam algumas parcelas", diz o vice-presidente do Secovi.
Segundo ele, a inadimplência (pagamentos em atraso) no setor é quase nula. ``Quem compra um imóvel, que é um bem de alto valor, está financeiramente preparado para isso, ou seja, tem uma boa poupança", explica.

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