São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Novos espaços para a filosofia
CASSIO STARLING CARLOS
A editora Iluminuras também abre com dois autores brasileiros sua nova coleção, "Filosofia", que, no entanto, não obedecerá restrições geográficas, segundo o editor Samuel Leon. A coleção da Brasiliense será dirigida por Marilena Chaui, professora do departamento de filosofia da USP. Chaui foi uma das organizadoras da coleção ``Os Pensadores", lançada nos anos 70 e reeditada várias vezes, depois de seu estrondoso sucesso editorial. Para Chaui, a "Oficina de Filosofia" pretende "combinar textos de autores jovens com trabalhos de pesquisadores mais velhos que tenham permanecido inéditos". Para os trabalhos de jovens, o princípio de seleção será, no mínimo, a nota dez com distinção e louvor na avaliação acadêmica. "Começaremos com a edição da produção paulista, mas nosso objetivo é ampliá-la, logo que se firmar o perfil da coleção, passando a publicar trabalhos de pesquisadores de outras partes do país", diz a organizadora. O projeto de editar exclusivamente textos de autores brasileiros nasceu sobretudo dos bons resultados alcançados por algumas pesquisas nos últimos anos. "Há uma produção efetiva de excelente qualidade, mas restrita à circulação acadêmica, em forma de teses ou de boletins", afirma Chaui. "Afora a coleção `Filosofia', da editora Loyola (que mescla filosofia e outras áreas das ciências humanas), não há nenhuma coleção de autores brasileiros restrita à área de filosofia." Um dos primeiros textos da coleção da Brasiliense resgata para o grande público a tese de livre-docência sobre Espinosa feita pelo professor Livio Teixeira, um dos pioneiros dos cursos de filosofia da USP. Sob o título "A Doutrina dos Modos de Percepção e o Conceito de Abstração na Filosofia de Espinosa", a tese foi publicada em 1954 no ``Boletim de História da Filosofia da USP" e até hoje está inédita em livro. O trabalho, do qual o Mais! publica abaixo a "Apresentação", será o segundo volume da "Oficina de Filosofia" e terá um prefácio, ainda em preparação, escrito pela própria Chaui. O texto sobre Sartre que inaugura a coleção é uma dissertação de mestrado defendida por Luiz Damon Santos Moutinho na USP em 1993. O volume terá prefácio do professor Bento Prado Jr. Já estão também programados os volumes sobre Cornelius Castoriadis -outra dissertação de mestrado, de autoria de Fernando França, com prefácio do professor Sergio Cardoso- e sobre Marx -um estudo inédito do professor Ruy Fausto, autor de "Marx: Lógica e Política". A Iluminuras, que mantém desde 88 a coleção "Pólen", voltada à publicação de clássicos da filosofia, inaugura sua nova coleção com dois volumes: "O Sentido de Zeus, de Jaa Torrano, e "Política e História na Filosofia Kantiana", de Ricardo Terra. "Recebemos vários textos de qualidade que não se enquadravam no perfil da `Pólen'", diz o editor Samuel Leon. ``Foi o que nos levou a abrir um espaço para a publicação de comentários filosóficos, enquanto a `Pólen' fica restrita à publicação dos clássicos e originais". Muito comum em outros países, a prática de se editar coleções de filosofia, embora não seja nova no Brasil, ainda é tímida (conheça nesta página as coleções existentes). Para o consumidor, em meio à variedade de títulos, uma coleção de filosofia é uma espécie de ``selo de qualidade", a garantia de que vai encontrar trabalhos relevantes com uma certa continuidade -o que, para os editores, é o mais difícil de manter, em meio às turbulências do mercado. Os responsáveis pelas novas coleções, no entanto, são otimistas. Tanto Chaui quanto Leon acham que já se pode contar no país com um público regular na área de filosofia. Leitores que, se não são numerosos, são pelo menos fiéis. Texto Anterior: A revolução poética de Mário de Sá-Carneiro Próximo Texto: Lançamentos na área suprem deficiências Índice |
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