São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Cavallo sabia das cotas e concorda

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários argentinos presentes à reunião do Mercosul, em São Paulo, manifestaram ontem a opinião de que o ministro Domingo Cavallo concorda com a aplicação, pelo Brasil, de cotas de importação de automóveis.
As cotas foram impostas pelo governo brasileiro na terça-feira da semana passada.
Segundo esses empresários, Cavallo entende que, se o Brasil não aplicar medidas tópicas de controle das importações, só restaria a alternativa de desvalorizar o real para evitar déficits enormes na comércio externo.
E a desvalorização do real, além de causar instabilidade e gerar expectativa quanto a desvalorizações do peso, tornaria mais caras todas as exportações argentinas para o Brasil.
Ou seja, segundo essa interpretação, Cavallo esperava a imposição de cotas. Por que, então, o governo argentino teria reagido tão duramente quando o governo brasileiro aplicou a medida?
A explicação, enter argentinos, é que o presidente Carlos Memem foi influenciado por empresários do setor automobilístico, especialmente Francisco Magri, que tem concessões da Fiat e da Peugeot, esta para Argentina e Brasil.
Magri, amigo de Menem, bateu o recorde de exportar cinco mil carros para o Brasil num só dia.
Tudo considerado, parece que o governo argentino se encaminha para a posição de considerar como inevitável a imposição de cotas para os automóveis. Assim, trataria de obter compensações pela perda das vendas de carros.
Em Buenos Aires, se especulava que o governo argentino deve pedir garantias para exportação de alimentos e outros produtos. Ou seja, que as cotas sejam limitadas aos carros.

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