São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995 |
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Estudo rastreia gene de doença pulmonar
DA "NEW SCIENTIST" Mutação da fibrose cística chegou à Europa 50 mil anos atrás junto com primeiros humanos modernosO gene mutante que provoca a fibrose cística chegou à Europa juntamente com os primeiros seres humanos modernos, mais de 50 mil anos atrás. É o que afirma o biólogo evolucionista Jaume Bertranpetit, da Universidade de Barcelona, que estima que o gene mutante tenha sobrevivido a mais de 2.500 gerações, o que daria forte fundamento à teoria de que as pessoas que portam uma cópia do gene adquirem alguma vantagem dela, em termos evolucionários. A fibrose cística é uma doença fatal que envolve a produção de muco viscoso nos pulmões. As pessoas que têm a doença raramente sobrevivem até mais de 30 anos de idade. As pessoas que herdam duas cópias do gene mutante apresentam a doença, enquanto aquelas que têm apenas uma cópia são apenas portadoras: não apresentam a doença. Existem várias mutações diferentes no gene, mas uma delas, conhecida como delta-F508, é responsável por 70% de todos os casos da doença. Bertranpetit usou uma técnica inovadora para reconstruir a história evolutiva do gene na Europa. Estudou amostras do gene de famílias portadoras do mal em toda a Europa e analisou suas variações no interior de pequenas regiões de DNA (material genético) chamadas microssatélites. Ele encontrou dezenas de diferentes disposições de microssatélites e mais de mil diferentes mutações. Ele calcula que para que possa ter surgido uma diversidade tão grande é preciso que o gene tenha passado por 2.625 gerações. Se tiver razão, então o gene data da primeira expansão dos humanos modernos vindos à Europa, durante a era paleolítica. O estudo sugere que a mutação tenha se espalhado pela Europa em duas ondas migratórias. Ninguém sabe ao certo porque um gene que, em dose dupla, causa uma doença fatal tenha tido vida tão longa e seja tão comum. Algumas evidências sugerem que seus portadores possuam relativa resistência ao cólera e talvez a outras doenças intestinais que matam pela desidratação. Se for verdade, o gene teria lhes conferido uma vantagem evolutiva. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Sindicato de Jornalistas faz assembléia no Rio; Oposição admite que perde eleição na UNE Próximo Texto: Royalty pode chegar à Internet Índice |
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