São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Portuguesa já desponta como favorita

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Enquanto o Corinthians passava um aprazível fim-de-semana em Araras, metendo 3 a 1 no União, a Lusa recebia o Santos em casa, de pijama, robe de seda e folgadas pantufas.
Só para se ter uma idéia, o Santos, durante a primeira meia hora de jogo, nem sequer conseguiu ultrapassar a linha de meio-campo.
Em contrapartida, a Lusa, que marcava implacável e impecavelmente na intermediária inimiga, já ganhava de 2 a 0. No segundo tempo, a Portuguesa recuou sua linha de marcação para um pouco aquém do círculo central, e, no contragolpe, fez apenas mais um e acumulou um sem-número de chances desperdiçadas.
Assim, praticando um futebol solidário, sólido e insinuante, a Lusa de Candinho, que saiu como zebra, começa a se firmar como favorita ao título nesta reta de chegada. Embora, cresça ao seu lado a sombra alvinegra.

Já na largada do campeonato propriamente dito, o Palmeiras patinou e o tricolor foi de cara ao chão. O Palestra, até a próxima rodada, vai ficar assim suspenso entre o equilíbrio e a queda, com os braços girando feito manivelas, enquanto ao São Paulo só restará curar seus ferimentos.
Na verdade, o Palmeiras só ficou nessa situação porque quis. O Mogi, que veio lá de baixo para disputar o título aqui em cima, numa dessas bizarrias que só o futebol paulista da firma Farah e cia. é capaz de produzir, está bem arrumadinho por Pedro Rocha. E tem um número 10, vindo lá das Alagoas, chamado Lino, que mantém um diálogo em sussurros com a bola, naquela intimidade própria dos namorados.
Isso, porém, seria pouco para resistir a esse Palmeiras agora revigorado com as presenças de Nílson e Muller lá na frente. Tanto, que o Palmeiras já saiu na frente, criou uma série de chances de gol, conjuradas pelo goleiro inimigo -o melhor do jogo-, até que, num contragolpe, gol. Mesmo assim, o Palmeiras deu a volta por cima. Tudo limpo. Que nada: nova bobeada, e o Mogi lá estava novamente cara a cara. Apesar disso, tudo indicava que o terceiro gol palestrino seria apenas uma questão de tempo: pois lá estavam os verdes fustigando o arco adversário, até que um passarinho mau e vesgo soprou ao ouvido do técnico Carlos Alberto duas substituições desastrosas: as entradas de Alex Alves e Paulo Isidoro nos lugares do goleador Nílson e do armador Válber, que havia marcado os dois gols palmeirenses. Aí virou bagunça e o Mogi não teve muito trabalho em levar o empate até o fim.
Já o tricolor foi uma tragédia de início ao fim, diante do Guarani, no Morumbi. É bem verdade que o técnico Pepe armou um esquema quase perfeito não só para sufocar o meio-campo e as alas do tricolor, como também para abrir espaços na frágil defesa adversária por onde Nélio deitaria e rolaria. Além do mais, ganhou de presente a expulsão do artilheiro Bentinho.
Em tais circunstâncias, os 2 a 0 finais devem ser louvados pelos tricolores, merecedores de uma goleada histórica, não fosse Zetti seu arqueiro.

Simplesmente exuberante a performance de Caio, ontem, no Canindé.

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