São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995 |
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Ruth Cardoso lança tese sobre imigração
ELVIS CESAR BONASSA
A publicação, bilíngue (português/japonês), foi financiada por uma empresa japonesa, a Nomura Securities, como parte das comemorações de 100 anos do tratado comercial entre Brasil e Japão, assinado em 1895. No sábado, houve um jantar beneficente para o lançamento, a R$ 150 por convidado, no hotel Caesar Park (rua Augusta, região central). O dinheiro do jantar e também da venda do livro irão para o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. A tese se dedica a mostrar os processos de ascensão social e integração dos imigrantes japoneses à sociedade brasileira. Um movimento que é identificado em características como: urbanização, ocupação de cargos profissionais de maior prestígio, entrada em universidades e escolas técnicas. Um dos fenômenos mais marcantes é a urbanização acelerada, embora os dados usados para descrever o fato estejam ultrapassados. No livro, a autora mostra que, em 1958, 55,9% da comunidade japonesa ainda estavam estavam ligados a atividades rurais. Mas isso já significava um grande salto de urbanização, já que ao chegarem ao Brasil 94,3% das famílias de imigrantes iam para o campo. Os números hoje são bem diferentes. Segundo o posfácio escrito por Masato Ninomiya, tradutor e organizador da publicação, apenas 11% da comunidade japonesa estão hoje ligados ao campo. A mesma desatualização está presente em outros dados. A maior parte de informações sobre a comunidade japonesa, sua concentração regional, ocupação e escolaridade datam de 1958. Ruth Cardoso, em entrevista antes do lançamento, afirmou que não houve tempo para as atualizações. Mas disse que, embora com números ultrapassados, o livro descreve processos que estavam ocorrendo na época da tese e hoje já se completaram. ``Identifiquei o processo de urbanização e mobilidade social que integrou os japoneses. Esse processo que apontei está hoje completado", disse Ruth Cardoso. Além disso, a ausência de bibliografia sobre o assunto e o próprio contexto da comemoração dos 100 anos do tratado justificam a publicação da tese, segundo a autora. Mesmo sem revisão, os dados e análises de caráter histórico permanecem válidos. Ruth Cardoso analisa, por exemplo, de que maneira o estabelecimento inicial no campo deu melhores condições para os japoneses se movimentarem na escala social. Trabalhando inicialmente no campo como colonos, em um prazo inferior a 5 anos 50% dos migrantes (considerados em famílias) já haviam mudado de status para arrendatário. O próximo passo, mostra o estudo, era tornar-se pequeno proprietário. Foram os recursos reunidos nessa atividade que permitiam às famílias procurarem as cidades, estabelecendo geralmente um negócio próprio (tinturaria, pensão ou peixaria, por exemplo). Texto Anterior: Poeta e físico debatem o acaso na PUC Próximo Texto: Orquestra mostra três programas diferentes Índice |
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