São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Verdura estrangeira invade hortas de SP

CARMEN BARCELLOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de uma centena de hortaliças de origem européia e norte-americana começam a ser produzidas no interior de São Paulo.
São produtos considerados finos, como endívias, radicchio, mache, celeri rave, chicória ``frisé", alface roxa, cenoura em miniatura, beterraba dourada, quiabo roxo e pimentões coloridos.
``Estamos cultivando cerca de 150 tipos de hortaliças", afirma Lita Giordani, 40, dona de uma plantação de dez hectares, em Itatiba (90 km ao norte de SP).
Lita produz em parceria com Ronald Cavaliere, 41, dono do Empório Santa Maria, onde é comercializada a produção da horta.
Renato Hauptmann, 56, trocou sua fábrica de alarmes por uma horta em Morungaba (110 km ao norte de São Paulo).
Ele planta cerca de 40 variedades diferentes, sendo 23 só de alfaces, que variam em cor, sabor, textura e formato das folhas.
Segundo Hauptmann, a horta cresceu de 0,5 ha para 10 ha, em um ano, para atender os 450 pedidos mensais de restaurantes. Em três meses vai dobrar a atual produção de 5.000 mudas por semana.
Jean Nassô, 60, que iniciou o plantio para consumo de seu restaurante, já fornece para empórios.
Ele calcula que a produção mensal de sua horta, em Santana do Parnaíba (40 km a oeste de São Paulo), está em 500 kg.
Além da produção local, a importação de hortaliças finas frescas também cresceu no último ano.
``Vamos importar 220 t este ano, 70 t a mais do que em 94", diz Luiz Matsubara, 28, diretor da importadora Satake e Matsubara.
Na Casa Santa Luzia, as vendas de endívia (chicória amargo-adocicada) subiram de 120 kg para 1.200 kg/mês.
A loja vende ainda por mês 200 kg de mache (alface de folhas pequenas e arredondadas), 800 kg de radicchio (chicória vermelha) e 800 kg de escarola ``frisé" (crespa e clara no centro da cabeça).
Parte do que vende, Álvaro Lopes, 70, dono da Santa Luzia, produz em Atibaia (65 km a norte de SP) e o resto importa.
Um dos obstáculos para um crescimento ainda maior do consumo destes produtos é o preço. O quilo de mache custa até R$ 60. O de endívia, R$ 24.
Segundo produtores, o que encarece a produção é a falta de referências sobre o cultivo destas hortaliças em solo e clima brasileiros.
``Temos que testar várias sementes até obter o melhor resultado", diz Lita Giordani.

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