São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Chile pode aderir a acordo em 12 meses

ANTONIO CARLOS SEIDL; JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 22/06/95
As negociações para a entrada do Chile no Mercosul (Mercado Comum do Sul) estarão concluídas dentro de 12 meses, previu, ontem, José Miguel Insulza, ministro das Relações Exteriores do Chile.
``O Chile é totalmente a favor do comércio livre no hemisfério até o ano 2005", disse na cúpula econômica do Mercosul.
Segundo Insulza, os pontos mais delicados das negociações do Chile com os países do Mercosul estão nos produtos agrícolas.
Os produtos agrícolas chilenos concorrem em grande parte com a produção argentina e uruguaia.
O Chile pretende suprimir os direitos aduaneiros em seu comércio com o Mercosul mas não quer adotar a Tarifa Externa Comum (TEC), que, pelo Tratado de Assunção (1991), Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai se comprometem a aplicar quando importam bens de terceiros.
Em média, a TEC deverá ficar em 14%, quando o Chile cobra para todas as suas importações uma tarifa menor, de 11%.
Insulza afirmou que também espera progresso das negociações do Chile com o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Equador, México e Peru.
O ministro José Serra (Planejamento) concordou que dentro de um ano o Mercosul contará com a participação do Chile e também da Venezuela. ``Dentro desse período deveremos ter definido um tipo de aproximação maior de outras economias como a chilena e a venezuelana", disse.
Serra afirmou que o aspecto ``fundamental" para a criação de um acordo de livre comércio nas Américas, nos próximos 12 meses, é a consolidação dos processos de estabilização econômica em andamento em países da região.
Cotas
O Chile poderá ser indiretamente afetado pela decisão brasileira de impôr cotas à importação de veículos argentinos, disse Insulza.
As autopeças representam hoje o segundo item das exportações chilenas para a Argentina e uma eventual queda na produção automobilística daquele país também implicaria na diminuição do comércio bilateral entre o Chile e a Argentina.
O Chile exporta hoje para a Argentina US$ 1,5 bilhão ao ano.
Entre os produtos chilenos consumidos pelas montadoras argentinas estão caixas de câmbio e peças de transmissão.
Mas o ministro Insulza disse que o litígio é normal no momento em que o comércio se intensifica e entram em vigor mecanismos regionais de integração.
Insulza está representando na reunião do Mercosul, em São Paulo, o presidente Eduardo Frei.
O presidente Frei ficou retido em Santiago pela crise provocada pela condenação, na Suprema Corte, do general Manuel Contreras, ex-chefe da polícia política no regime militar (1971-1990). Os presidentes da Argentina, Carlos Menem, do Brasil, FHC, do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy e do Uruguai, Julio María Sanguinetti, se solidarizaram com Frei.

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