São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Belo Horizonte ganha primeira sala multimídia

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Belo Horizonte inaugurou anteontem à noite sua primeira sala multimídia de espetáculos, o Cine Imaginário Banco Nacional, no bairro de Santa Efigênia.
Mais de 500 convidados lotaram o local, um galpão de 600 metros quadrados e pé direito de seis metros onde antes funcionava uma fábrica de sacos plásticos.
Nesse amplo espaço estão incluídos, sem nenhuma divisória, uma sala de cinema com três telas e cem poltronas giratórias, um palco, um fosso de orquestra, um bar e um restaurante.
O caótico espetáculo de inauguração, ``Viva a Cidade", mostrou as possibilidades do espaço e também o tipo de problema que deverá enfrentar.
Enquanto os atores Paulo José e Bete Coelho liam trechos de poemas de Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade sobre Belo Horizonte, três telas de cinema exibiam imagens antigas da cidade, sob os acordes de uma orquestra de 30 músicos.
Incomodados com as conversas que vinham do bar e do restaurante, os organizadores resolveram interromper a leitura dos poemas, para desagrado dos atores, que tinham entrado no clima improvisado e dispersivo da noite.
Há que se dar um desconto pelo fato de que se tratava de uma estréia, com ``boca livre" (bebida servida à vontade). Cabe esperar a próxima semana, quando serão exibidos ``Short Cuts" e ``Pret à Porter", de Robert Altman.
O paulistano de 30 anos ou mais pode ter uma idéia do Cine Imaginário Banco Nacional se lembrar do Carbono 14, no Bixiga, onde aconteciam simultaneamente, no início dos anos 80, sessões de cinema, shows de música e exposições. Mas lá ainda havia paredes entre essas coisas, aqui não.
O Cine Imaginário é o terceiro espaço cultural surgido em Belo Horizonte a partir da parceria do grupo Usina, de origem cineclubística, com o Banco Nacional.
O projeto do Imaginário, da arquiteta Lila Lessa, lembra o estilo de Lina Bo Bardi: aproveitamento de construção antiga, concreto e tijolo aparente, escadas de ferro, madeirame e fiação à mostra.
A julgar pela inauguração e sua heterogênea platéia, deverá ser um local tipicamente belo-horizontino. Um ponto de encontro entre a modernidade e o provincianismo, a vanguarda e a paróquia.

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