São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Estudo mostra que caiu verba para saúde

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

As dotações do Orçamento da União para a saúde, em 1995, caíram 49,5% em relação ao ano anterior. No setor de educação, a redução foi de 35,4%.
Os números estão numa pesquisa do economista Ib Teixeira, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), obtida pela Folha.
O estudo ``Os primos pobres do Orçamento" será publicado na edição de julho da revista ``Conjuntura Econômica".
A saúde é responsável pelo mais recente princípio de crise no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O ministro da Saúde, Adib Jatene, aponta constantemente a falência do setor e prega a criação de um imposto provisório sobre as transações bancárias para financiá-lo. A área econômica do governo resiste à medida.
Teixeira usou dados dos orçamentos do quadriênio 1992-1995. Segundo ele, a maior redução das verbas para saúde e educação aconteceu nos últimos dois anos.
No período, pode-se constatar ainda a diminuição de verbas para os dois setores em contraste com a curva do PIB (Produto Interno Bruto), que corresponde ao total de bens e serviços produzidos.
Segundo Teixeira, a educação perdeu 40,9% dos recursos em relação ao PIB, e a saúde, 40,7%. Os gastos com hospitais, que representavam 1,9% do PIB em 1989, caíram para 1,16% em 92.
Dados enviados pelo Brasil ao Banco Mundial, obtidos pelo economista, mostram que o setor de saúde respondia, no início dos anos 90, por 6,7% da despesa global do país.
Nos EUA, esse número chegava a 13,8% e, na Alemanha, a 18,1%. O Brasil está junto com México e Botsuana na lista dos países que reduziram a dotação orçamentária para a saúde.
O economista afirma que a comparação com o total do PIB dá idéia da tendência nacional de redução dos investimentos em educação e saúde, confirmada pela análise dos orçamentos recentes.
``E o pior é que os dados do Orçamento são apenas dotações. Ainda se perde com inflação e com desvios de verba. Por isso, há esse caos na saúde brasileira", diz.
O economista afirma que dá razão ao ministro da Saúde, Adib Jatene, em sua polêmica com os ministros da equipe econômica sobre a falta de dinheiro para o setor.
``É claro que o Jatene tem razão. Espero que ele vença a parada, ou a situação vai piorar. O José Serra (ministro do Planejamento) é muito competente, mas tinha outro discurso quando era deputado", afirma.
Teixeira se referia a números do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) divulgados em 1993 pelo então deputado José Serra.

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