São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ruas ganham durabilidade com mistura de tiras de aço e concreto

JOHN BUNNAR
DA "NEW SCIENTIST"

As obras de recapeamento e recuperação de estradas são o flagelo da vida dos motoristas. Agora, engenheiros da Universidade de Newcastle upon Tyne (Reino Unido), acham que poderão aliviar o problema das estradas em mau estado de conservação, utilizando superfícies mais duráveis feitas de concreto em lugar de asfalto.
Cada vez que um veículo pesado passa sobre asfalto, a superfície sofre deformações minúsculas.
Embora pequenas, as modificações são permanentes e, com o tempo, a superfície se torna desigual e se rompe.
O concreto é usado ocasionalmente para cobrir superfícies de estradas, mas nunca foi usado em larga escala porque ele torna a passagem dos veículos barulhenta e desigual.
Devido a sua força tensora baixa, as estradas feitas de concreto convencional são construídas em diversas seções, unidas entre si por varas de reforço de aço.
As juntas entre as seções provocam vibração e barulho nos carros que passam sobre a superfície.
John Knapton, professor de engenharia estrutural de Newcastle, resolveu o problema utilizando fibras de aço e uma máquina chamada "Laser Screed", projetada nos EUA para fazer chãos de concreto para fábricas.
A máquina espalha e alisa o concreto molhado, usando braços hidráulicos. Ela utiliza um raio laser para medir a lisura da superfície de concreto e ajusta os braços automaticamente para produzir a superfície cambada necessária para estradas.
A máquina espalha o concreto em uma seção contínua, eliminando as juntas barulhentas.
O concreto é reforçado por tiras de aço, espalhadas em direções aleatórias através da mistura.
Segundo Knapton, essas tiras garantem a resistência necessária para aguentar a passagem de caminhões pesados.
Elas são feitas de aço brando, de modo que quaisquer fibras que possam penetrar para fora da superfície durante o recapeamento da estrada são facilmente achatadas pela raspadeira móvel da máquina.
O metal é mais mole do que o concreto espalhado, de modo que se desgasta mais rapidamente e não danifica os pneus dos veículos.
Para impedir que a estrada de concreto contínuo apresente fendas devido à expansão e contração provocada pelas mudanças de temperatura ambiente, entalhes são traçados sobre a superfície a intervalos de alguns metros.
Esses sulcos são tão estreitos que não podem ser ouvidos ou sentidos pelos passageiros dos veículos que trafegam sobre a estrada, segundo Knapton.
Ele afirma que as estradas de concreto durariam até 40 anos sem precisar de reparos. Já as estradas de asfalto são projetadas para durar apenas 20 anos, e durante esse período precisam ser recapeadas pelo menos três vezes.
Knapton também estima que cada metro quadrado de estrada de concreto custa apenas seis libras esterlinas, contra nove libras por metro quadrado de superfície asfaltada convencional.
Seus alunos já demonstraram que o sistema funciona em ruas urbanas sinuosas. Eles reconstruíram um trecho de 200 metros de uma rua no centro da cidade de York.
A obra foi completada em um prazo de quatro semanas, no mês de março, contra as oito semanas previstas.
Houve uma economia de 20% em relação ao custo estimado do projeto, de 125 mil libras. Na semana passada a equipe foi encarregada de realizar reparos semelhantes em Hartlepool.
Para autoridades municipais e estaduais, o tempo necessário para completar reparos em estradas é tão importante quanto o custo.
Desde que se permitiu a abertura do comércio aos domingos, as autoridades municipais não conseguem fazer reparos em estradas muito transitadas sem causar prejuízos ao comércio.
Os lojistas das ruas fechadas para reparos costumam culpar a prefeitura quando suas vendas caem. ``Deste modo a prefeitura pode acabar as obras rapidamente e reduzir o risco de sofrer processos", diz Knapton.

Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Calor torna bactérias do queijo nocivas
Próximo Texto: Lançamento da Atlantis é adiado novamente pelo mau tempo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.