São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Andrade Vieira defende mais concessões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai flexibilizar a negociação com os agricultores sobre as dívidas já vencidas para permitir o refinanciamento de até 50% deste débitos, contra o limite geral de 30% estabelecido no acordo entre o governo e os parlamentares ligados ao setor rural.
O porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, confirmou ontem esta flexibilização. Segundo ele, ``o Banco do Brasil (responsável pelas negociações) levará em conta, na avaliação de cada pedido, as credenciais de bom pagador".
A possibilidade de estender a parcela de renegociação da dívida a 50% foi criada por voto do Conselho Monetário Nacional para ``situações especiais".
O ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, defendeu ontem que o governo seja ``condescendente" com os inadimplentes da última safra. Vieira diz que o presidente Fernando Henrique Cardoso concorda com esta política.
``O Banco do Brasil tem que ser mais flexível nesta negociação. O acordo fechou em 30%, mas, se o banco enrijecer neste percentual, vai prejudicar muita gente".
O diretor de Crédito Rural do banco, Ricardo Conceição, disse à Folha que renegociar mais do que 30% da dívida a ser paga ``não é a regra, é a exceção".
No acordo com os ruralistas, o governo aceitou renegociar de 20% a 30% da dívida que vence em 95, com juros próximos a 24% (correção pela Taxa de Juros de Longo Prazo). O restante deve ser pago neste ano, com desconto de 1%.
Andrade Vieira criticou o rigor do Banco do Brasil. ``Tenho recebido reclamações de que o banco não está sendo flexível. Acho que deve ser."
O acordo foi selado com a Frente Parlamentar da Agricultura -chamada bancada ruralista- em 8 de junho, um dia após a aprovação na Câmara, em primeiro turno, da emenda que quebra o monopólio estatal na exploração do petróleo. A frente soma 132 votos.
Os agricultores também conseguiram substituir a TR por uma taxa fixa de 16% ao ano para novos contratos de crédito agrícola (até o valor de R$ 150 mil).
Segundo Conceição, o banco orientou às agências uma renegociação caso a caso. ``Temos regiões, como o Mato Grosso e Distrito Federal, que tiveram problemas com soja. Não podemos inviabilizar este produtor."
Os próprios ruralistas calculam em R$ 2,8 bilhões os gastos do governo para atender a todos os ítens acertados no acordo.

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