São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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ONU deve combater a fome, diz presidente

SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem que a ONU (Organização das Nações Unidas) seja ``mais ativa no que diz respeito ao combate à fome e à miséria".
A afirmação está na mensagem distribuída às emissoras de TV brasileiras sobre os 50 anos de criação da ONU, completados ontem. FHC lembrou que a ONU foi criada ``depois de uma guerra cruel (2ª Guerra Mundial), depois que cerca de 17 milhões de pessoas morreram".
Fernando Henrique Cardoso também fez uma defesa discreta da participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
``Certamente vamos cogitar algumas modificações na estrutura das Nações Unidas. Eventualmente, algumas transformações no Conselho de Segurança, ampliando sua legitimidade com mais participantes".
Íntegra
A seguir, íntegra da mensagem de FHC sobre o 50º aniversário da Organização das Nações Unidas:

No dia 26 de junho, o mundo inteiro está comemorando os 50 anos das Nações Unidas, da ONU. As Nações Unidas se constituíram num momento importante da história da humanidade.
Depois de uma guerra cruel, depois que cerca de 17 milhões de pessoas morreram, houve uma decisão, dos que venceram a guerra, de que era o momento de criar uma organização que fosse capaz de unir os povos todos para assegurar a paz e a prosperidade.
É certo que as Nações Unidas sofreram os seus percalços porque, logo em seguida, a questão da Guerra Fria levou à confrontação entre os dois blocos e isso, de alguma maneira, prejudicou os trabalhos das Nações Unidas.
No Conselho de Segurança, que é o órgão máximo das Nações Unidas para a Assembléia Geral, havia o poder de veto, em que as duas superpotências tinham capacidade de paralisar ações que não lhes interessavam.
Mesmo assim, a ONU cumpriu uma parte importante dos seu trabalho, no desenvolvimento entre os povos, na ação social, na ação econômica, na descolonização da África e da Ásia. A despeito de tudo, nós vimos a ONU atuando fortemente.
Agora, que já não temos mais uma situação de dois blocos rivais, abre-se um novo caminho para a paz universal, e novas tarefas para as Nações Unidas, mais solidárias, que vão implicar numa diminuição de diferenças entre o Norte e o Sul do mundo. Enfim, um período em que nós vamos ver a possibilidade total das Nações Unidas atuarem não só para a paz, mas para a prosperidade entre os povos.
Certamente, vamos cogitar algumas modificações na estrutura das Nações Unidas. Eventualmente, algumas transformações no Conselho de Segurança, ampliando a sua legitimidade, com mais participantes.
Uma Nações Unidas ativa, no que diz respeito ao combate à fome, à miséria, sempre solidária. E o Brasil estará disposto, como sempre esteve, a cooperar em todas essas fases das Nações Unidas.
Qualquer que venha a ser a posição do Brasil no futuro no marco das Nações Unidas, elas poderão contar com o nosso apoio, com a nossa ação, sempre que formos chamados.
Ainda recentemente, nas lutas na Europa, na antiga Iugoslávia, nós assistimos à presença não só da ONU, mas de brasileiros. Dois deles foram tomados como reféns e se portaram bravamente, com alto espírito de compreensão do momento que estavam vivendo, e hoje já estão libertos.
E é para esse futuro melhor que todos os povos devem trabalhar. E o povo brasileiro, certamente, será solidário nesse esforço.

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