São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Receita afasta mais 34 em Cumbica

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Governo investiga denúncias de corrupção e tráfico de armas e drogas em aeroporto de SP
A Receita Federal removeu para outras funções 34 funcionários da inspetoria da alfândega do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo).
A medida foi tomada ontem para facilitar as investigações que apontam Cumbica como rota do tráfico de drogas e armas e de ação de grupos de funcionários que cobrariam propinas para liberar mercadorias (leia textos abaixo).
O líder do PL na Câmara, Vladimir Costa Neto, disse ontem que denunciou as irregularidades em Cumbica ao presidente Fernando Henrique Cardoso em janeiro deste ano.
A Folha entrou em contato com o Palácio do Planalto às 19h de ontem, para confirmar a denúncia do deputado, mas não recebeu retorno da ligação até as 19h40.
Costa Neto foi o padrinho político da indicação de Aramis da Graça Moraes para o cargo de Inspetor de Alfândega em Cumbica.
O deputado diz que passou a denunciar o ex-apadrinhado depois que descobriu seu envolvimento com irregularidades.
Exoneração
Moraes foi exonerado do cargo na sexta-feira passada pelo secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que indicou para a função um homem de sua confiança: Flávio Del Comuni, funcionário de carreira da Receita.
O afastamento de Moraes foi consequência dos relatórios sigilosos entregues pela Polícia Federal, apontando problemas nos aeroportos brasileiros (leia texto abaixo).
Outros funcionários que ocupavam cargos de confiança em Cumbica também foram afastados.
A Coordenação de Auditoria e Correição da SRF (Secretaria da Receita Federal) designou uma equipe de cinco funcionários para realizar uma auditoria interna.
A equipe terá um prazo de 30 dias para apurar as denúncias de irregularidades.
A nota divulgada pela Receita Federal ontem ressalta que o afastamento dos funcionários não significa pré-julgamento ``de qualquer servidor ou contribuinte".
A assessoria de imprensa disse que ``há indícios de irregularidades que serão investigadas".
Entre as denúncias, estão acusações de corrupção na liberação de bagagens e cargas, ocorrência de furtos dentro do aeroporto e sonegação fiscal.
Ontem, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar liberação de bagagens mediante pagamento de propinas (leia texto abaixo).
Investigações
As investigações nos aeroportos brasileiros foram determinadas há dois meses pelo ministro Nelson Jobim (Justiça).
Os ministros da Aeronáutica, Justiça e Fazenda devem discutir novas normas para regular a fiscalização nos aeroportos.
O deputado Costa Neto divulgou ontem ontem ofícios que enviou em maio e junho de 1994 aos então ministros Henrique Hargreaves (Gabinete Civil) e Rubens Ricupero (Fazenda).
Nos ofícios, Costa Neto pede a demissão de Aramis Moraes, mas não apresenta denúncias. O deputado preferiu dizer que não queria mais ter vínculos com ``aquela área de governo".

* Colaborou a Reportagem Local.

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