São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 1995
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Vereadora pede explicação sobre remoção de favelados na zona sul

DA REPORTAGEM LOCAL

A vereadora Aldaíza Sposati (PT) enviou ofício ontem à Secretaria da Habitação solicitando informações sobre as razões pelas quais um grupo de empresários vai pagar a construção de casas populares destinadas a favelados que vivem na região da avenida Luiz Carlos Berrini (zona sul).
As casas populares serão construídas no Conjunto Habitacional Barro Branco, que fica na zona leste de São Paulo.
``Não é possível fazer na Berrini uma unidade do projeto habitacional Cingapura?", pergunta a vereadora. O terreno onde serão construídos os novos apartamentos pertence à prefeitura. Cerca de mil famílias serão transferidas.
Segundo Ricardo Coelho, assessor da Secretaria da Habitação, os moradores serão removidos para a canalização do córrego Água Espraiada, a construção de uma avenida e uma nova ponte sob a marginal Pinheiros.
O terreno onde estão as mil famílias será usado para a construção das alças de acesso à ponte.
Segundo Coelho, 95% da área foi desapropriada pelo DER (Departamento Estadual de Estradas e Rodagem) em 1973 para a construção de uma ligação entre a Imigrantes e a marginal Pinheiros. Como a obra não caminhou, ela foi invadida pelos favelados.
Coelho afirma que, no local, não seria possível construir uma unidade do projeto Cingapura. ``É uma faixa de melhoramento viário, não haverá espaço para prédios", diz.
Segundo ele, os moradores não estão reclamando de serem transferidos para a periferia. ``Já foram removidas 4.000 famílias e elas estão satisfeitas de deixar a favela e passar para um apartamento", diz.
Entre os empresário envolvidos no projeto está Roberto Bratke, do setor imobiliário, e Luiz Eduardo Pinto Lima, executivo do Unibanco.
Cingapura
Sposati entrou anteontem com uma representação no Ministério Público solicitando investigações sobre o Projeto Cingapura.
Esse programa prevê a construção de prédios em áreas ocupadas por favelas. Mais de 500 apartamentos já foram entregues. A prefeitura vende os apartamentos para os ex-favelados.
O que a vereadora está contestando é justamente a venda.
Para vender uma área pública -os prédios estão sendo construídos em terrenos municipais-, a prefeitura precisa de autorização da Câmara. Até o momento, o Legislativo não aprovou nenhum projeto de lei nesse sentido.
Antônia Aparecida Pereira, chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria da Habitação, disse que a situação dos ex-favelados que se mudaram para os prédios ainda é de ``expectativa de compra".

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