São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 1995
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Olhar estrangeiro vai ao Oeste

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Fritz Lang dirigiu três faroestes. É bastante, se levarmos em conta que o diretor era alemão e, em princípio, suas relações com o Velho Oeste menos viscerais do que as de um norte-americano nato.
Mas é essa visão de estrangeiro que transparece em "Os Conquistadores. Não há a paixão dos grandes espaços, mas a vontade de abordar uma questão determinada a partir de um quadro específico. Tudo se passa, aqui, em torno da construção de uma linha pioneira de telégrafo.
A idéia de herói impoluto logo é encostada. Randolph Scott faz um fora-da-lei que se integra à equipe da Western Union depois que salva um dos responsáveis pela construção da linha.
Daí por diante, cada poste que se instala é motivo de tensão, entre os homens da linha telegráfica, ou entre estes e os índios. Enquanto um canal de comunicação e modernização se cria, ligando Leste e Oeste, Lang reafirma a permanência do primitivo no homem.
A força de um olhar pessoal distingue Fritz Lang; o fato de esse olhar ser ancorado no exterior o particulariza. O que ``Os Conquistadores" dá a ver é um espetáculo próximo a ``O Diabo Feito Mulher" (1952), seu último faroeste, talvez um pouco mais discreto, mais nos conformes do gênero, mas já espremendo o homem do Oeste na parede. Como, de resto, Lang fazia com o homem do Leste, ou de Berlim. (IA)

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