São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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CUT faz campanha contra MP e lança crítica a livre negociação

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Central Única dos Trabalhadores aprovou, em reunião da direção nacional executiva, a realização de uma ampla campanha nacional contra a medida provisória (MP) de desindexação dos salários e por uma política salarial.
A campanha prevê mobilização dos sindicatos filiados pela reposição de perdas salariais com a inflação. Ela vai culmimar em uma jornada nacional por salário, emprego e em defesa dos sindicatos, na segunda quinzena de agosto.
``A desindexação atinge em cheio os salários, principalmente das categorias mais desorganizadas que deveriam ter seu poder de compra protegido", afirmou o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Segundo ele, a livre negociação proposta pelo governo é ``a livre oportunidade de arrochar salários e colocar o exército nas refinarias".
A proposta de greve geral contra a desindexação dos salários, feita pelas correntes mais à esquerda do que a Articulação Sindical, de Vicentinho, foi derrotada.
Para Vicentinho, a Justiça do Trabalho hoje ``só provoca conflitos" e o mediador ``não ajuda".
O mediador está previsto na medida provisória do governo para auxiliar e garantir as negociações entre empresários e trabalhadores.
``O problema é que, na proposta do governo, se não houver acordo, o mediador escolhido pelas partes não decide e o patrão pode entrar com pedido de julgamento do dissídio", disse o presidente da CUT.
Vicentinho disse que só aceita a livre negociação para índices acima da inflação, que teria reposição automática. ``Inflação não se negocia, se repõe", disse.
``Ou a livre negociação vale para tudo ou não vale para nada", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Segundo ele, 19 políticas salariais sempre resultaram em perdas. ``Com a livre negociação, sei que os salários vão melhorar."

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