São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Ministro dá até murro na mesa

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O clima da reunião entre o ministro da Saúde, Adib Jatene, e a equipe econômica foi de constrangimento.
Ao acabar o encontro, o secretário do Tesouro, Murilo Portugal, evitava responder perguntas de jornalistas e comentou: ``É melhor falar com o ministro. Eu só fui chamado para a reunião e aqui estou".
Um assessor do ministro ouviu e contestou dizendo que ele não tinha sido chamado e sim convocado pelo governo -a reunião fora marcada pelo Palácio do Planalto. Portugal não respondeu. O assessor não quis se identificar.
Esse encontro entre a equipe econômica e o ministro Jatene é o resultado de um apelo de deputados ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Há três semanas eles estiveram com FHC no Planalto para pedir seu apoio para a área de saúde e para a proposta de recriar o imposto do cheque.
O presidente se comprometeu a agendar um encontro para que as alternativas fossem discutidas. FHC pediu a presença de José Serra (Planejamento) e Pedro Malan (Fazenda).
Os dois ministros alegaram problemas de agenda e não compareceram.
Jatene, que esperava encontrar uma saída conversando com os economistas, saiu da reunião calado e não quis falar com os jornalistas.
A Folha apurou que o ministro da Saúde chegou a dar um murro na mesa e a exigir uma reunião com o próprio ministro da Fazenda, Pedro Malan.
As duas propostas principais discutidas ontem, a recriação do IPMF e o aumento de alíquotas de cigarros e bebidas, foram rejeitadas com argumentos econômicos.
Segundo os representantes de Maln e Serra, a primeira proposta cria vinculação entre receita e despesa, uma prática que o governo quer extinguir, e a segunda geraria queda no consumo.
Caixa
O caixa da Saúde está totalmente comprometido com o pagamento dos hospitais e ambulatórios conveniados. O ministério já começa a falar em problemas nas campanhas contra a dengue, malária e até mesmo nos programas de vacinação.
O ministro reivindica mais recursos para tocar esses programas e reajustar a tabela de preços e procedimentos dos hospitais.
Por uma consulta, um médico que trabalha para o governo federal pelo sistema de convênio recebe R$ 2,00.
(AS)

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