São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995 |
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Fugitivos de fazenda recebem proteção
DA AGÊNCIA FOLHA Os trabalhadores rurais Luís Bezerra Cavalcante e Gil Bonifácio Carvalho Neto chegaram a Belém (PA) na noite de ontem, sob forte escolta policial, para depor em inquérito que investiga a existência de cemitério clandestino e trabalho forçado no município de Rondon do Pará (480 km ao sul de Belém).Eles fugiram da fazenda T-Chaga-U há cerca de um mês e denunciaram que as famílias residentes no local eram obrigadas a trabalhar em jornadas desumanas, sem receber qualquer salário. Além disso, segundo os trabalhadores, o proprietário da T-Chaga-U, Josélio Barros Carneiro, não permitia a ninguém deixar a área que demarcava a fazenda. A polícia diz que Carneiro está foragido. Carvalho Neto, 26, solteiro, que trabalhava havia seis meses na fazenda, disse que decidiu fugir depois de descobrir que companheiros seus tinham sido mortos. ``Estava voltando da área de plantio da mandioca quando vi fumaça no ar, num matagal afastado. Resolvi olhar e percebi que era um cadáver humano queimando. Só podia ser um dos meus colegas desaparecidos", disse ele ontem à Agência Folha, por telefone. O deputado estadual José Geraldo Torres (PT) visitou anteontem a fazenda, acompanhado por policiais civis, e constatou a existência de trabalho forçado e de um cemitério clandestino. Mato Grosso do Sul A delegacia regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Amambai (341 km ao sul de Campo Grande) começou ontem a retirar os índios que trabalham na fazenda São Domingos, em Água Clara (187 km de Campo Grande). A fazenda, arrendada pela Sementes Boi Gordo, foi denunciada por alguns trabalhadores por manter 300 pessoas em situação similar a de escravos. Elas colhiam sementes para pastagens. O trabalho foi considerado pelo Ministério Público como semi-escravo. Além de não existir documentação, comida, aluguel e outras despesas eram totalmente descontados . O trabalhador terminava o mês devendo aos patrões. Anteontem, a Polícia Federal indiciou o capataz da fazenda e pessoas que faziam o aliciamento de trabalhadores. Texto Anterior: FHC e Ruth vão a restaurante após show Próximo Texto: "New York Times" critica impunidade Índice |
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