São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Pai acusado de forçar aborto é libertado

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Marco Antônio Batista Correia e três médicos, presos terça-feira sob acusação de prática ilegal de aborto, foram libertados ontem.
A Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro mediante pagamento de fiança. Cada um pagou R$ 1.200. Eles vão responder ao processo em liberdade.
Correia e os médicos tinham sido presos após denúncia de Valéria Tereza Correia, 20, filha do advogado. Ela está grávida há três meses do namorado, Márcio Peçanha Souza, 26, que é casado.
Na última segunda, ela foi ao 15º DP (Itaim Bibi) e disse que o pai queria obrigá-la a abortar. A polícia foi ao local onde aconteceria o aborto, na terça, e prendeu Correia e os médicos Itamar Simões Oliveira, Osvaldo Pinto Mariano e Alexandre dos Santos.
Logo após a prisão do pai, Valéria mudou sua versão. Disse à polícia que tudo não passou de um mal-entendido. Segundo ela, o pai apenas tinha dito, em um momento de desespero, que ela poderia fazer um aborto. Ela disse que teve medo ao saber que seria levada para um consultório médico e foi, com o namorado, à polícia.
Segundo o advogado Edgar Novaes da Silveira, amigo de Correia, ``o pai, em um momento de desespero, admitiu que o aborto pudesse acontecer".
Em entrevista ontem, Correia disse que ``não ficou satisfeito" quando soube que a filha namorava um homem casado. ``Disse a minha filha que ele precisava definir a situação dele. Tinha medo que, para ele, fosse apenas uma aventura." Ele disse que, ao saber da gravidez da filha, ficou ``transtornado e teve uma crise nervosa".
``Ela foi a uma médica de convênio. Eu achei que ela precisava de um médico particular. Ela fez a primeira consulta. No retorno, a polícia apareceu. Não sei o que passou pela cabeça dos dois para criar essa confusão. Quero que essa tragédia seja compensada pela felicidade dos dois e da criança."
Segundo o advogado Antonio Ruiz Filho, 32, que defende Correia, houve arbitrariedade e precipitação da polícia. ``Não aconteceram nem atos preparatórios de um aborto." Segundo ele, Valéria estava vestida na hora do flagrante.
Os médicos disseram à polícia que o local onde foi feito o flagrante é o consultório de Oliveira. Os outros dois médicos estariam lá para se encontrar com ele para almoçar. Procurada por telefone, Valéria não foi localizada ontem.
Segundo a polícia, o grupo estava no local para fazer o aborto.

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