São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Poesia da exatidão é marca de "Cavalgada"

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Após perder seu cavalo, um rancheiro (Scott) pega carona numa diligência onde viajam recém-casados. Na primeira parada, a diligência é assaltada. Enquanto o rancheiro e a mulher (Gates) são tomados como reféns pelos bandidos, o marido compromete-se a descolar dinheiro com o sogro milionário.
Temos aí uma situação mais que complexa: um assalto, tomada de reféns, bandidos que roubam para ganhar a vida, o marido pusilânime (que além do mais só casou por conta do gordo baú da mulher). Os dados lançados são ótimos, mas: quantas vezes filmes partem de um princípio animador e não chegam a parte alguma? A primeira, a mais evidente virtude deste faroeste, é não cortejar o público com facilidades.
Boetticher trabalha como um matemático que, para chegar à demonstração de um teorema, deve seguir um trajeto rigoroso. Não há etapas a suprimir, não há atalhos a tomar.
Não há sequer uma poesia exterior à matéria que se trabalha. Se a poesia se insinua, é justamente na exatidão com que cada um dos elementos é trabalhado e, em função disso, termina por se encaixar no todo, ao mesmo tempo que o compõe. (IA)

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