São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Martín Fierro promove integração latina

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil não costuma dar muita atenção para a cultura dos vizinhos -nem mesmo quando eles invadem as fronteiras nadando em dólares. É um dos motivos pelos quais restaurantes latino-americanos praticamente inexistem em São Paulo. Uma exceção interessante é o argentino Martín Fierro.
É mais um bar que restaurante. E, como bar, muito agradável. Principalmente nas mesinhas do térreo, onde sobras da intelectualidade da Vila Madalena se reúnem com publicitários para tomar cervejas realmente geladas e comer empanadas -enquanto assistem à passagem de aviões que rumam para Congonhas.
Uma intelectualidade mais numerosa e otimista foi a primeira clientela do Martín Fierro, na sua fundação em 1980, quando ele ficava na r. Wizard -onde o bar ainda existe com outros donos.
Seus proprietários são o casal Hugo Ibarzabal, 57, e Alejandra Isasmendi, 36, com a amiga Ana Maria Massochi, 41 -todos argentinos, chegados ao Brasil no final dos anos 70, quando a situação política em seu país conseguia ser ainda pior que a do Brasil.
Na falta de outro trabalho, Hugo começou a fazer e vender empanadas -pastel assado de massa grossa, especialidade argentina.
Logo abriu o bar, frequentado por jovens cineastas paulistas acantonados na Vila Madalena. Em 1989 mudou-se para um espaço maior. A vantagem do novo ponto é ter uma estrutura, ainda que modesta, capaz de produzir um cardápio de restaurante.
A tônica argentina são as empanadas -de bons recheios tradicionais (carne e frango) e massa um pouco seca (como parece ser também a tradição). Uma opção mais úmida é feita com massa folhada e recheios diferentes, como milho, espinafre ou roquefort.
A segunda vertente argentina são os churrascos, o melhor do Martín Fierro. Se não tem toda a variedade de miúdos da "parrillada, a casa oferece ``morcilla" (chouriço de sangue), ``mollejas" (timo, quando disponível) e "asado de boa carne argentina -como picanha, maminha, bifes e contrafilé- e um suculento assado de tira -corte transversal da costela, grelhado (não-assado). Todos acompanhados de salada e uma inominável batata frita (molenga e oleosa).
Há pratos do dia que, como na Argentina, seguem inspiração européia (boeuf bourguignon, coelho desossado, perdiz recheada), mas os vinhos (de preços medianos) e algumas sobremesas (como o alfajor de chocolate) são inequivocadamente argentinos.

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