São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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FHC em rádio e TV

O pronunciamento à nação feito ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso foi marcado pelo realismo. Ele está absolutamente certo ao dizer que há ainda um longo caminho até que o país chegue a uma estabilização sustentável.
Pôde-se também depreender da fala do presidente um caráter um pouco majestático. Fez questão de afirmar que foi ``ele" quem concedeu o aumento para o salário mínimo e que foi ``ele" quem diminuiu as taxas de juros para o setor agrícola. Na verdade, quem fixa o valor do mínimo é o Congresso Nacional, e o presidente chegou a vetar, em fevereiro, uma proposta anterior do Parlamento para majorar o mínimo.
Também no caso da agricultura, FHC e sua equipe econômica não estavam dispostos a diminuir as taxas de juros para o setor. Foi só depois de muita negociação com a bancada ruralista do Congresso que o governo cedeu -e sob a ameaça de ter de enfrentar uma rebelião desse numeroso grupo.
Outra inconsistência no discurso foi comemorar o fato de que, passado um ano do real, a moeda nacional continua mais forte que o dólar. É verdade e é um sinal de que a inflação está sob controle, mas a sobrevalorização do real é hoje um dos principais problemas do plano, pois vem contribuindo para a persistência dos déficits.
Mas FHC teve também o senso de humildade de agradecer ao Congresso e às lideranças pelo rápido avanço do processo de mudanças constitucionais.
FHC disse que o Brasil de hoje é melhor que o de há um ano -algo que, de resto, a maioria da população reconhece-, mas lembrou, talvez com menos ênfase do que deveria, que haverá dificuldades pela frente. Apesar das incongruências apontadas, o sentido geral do pronunciamento foi positivo.

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