São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Um alegre corintiano

JUCA KFOURI

Aqui começa a realização de um velho projeto: o projeto de seguir adiante com a independência vital para quem deseja fazer um bom jornalismo.
Este espaço procurará ser preenchido com os bastidores do esporte brasileiro, um negócio grande demais para ser deixado nas mãos de ``amadores" que só fazem enriquecer sem prestar contas a ninguém.
O país mudou para melhor, nosso esporte revela cada vez mais competência e profissionalismo fora dos gabinetes e está mais que na hora de pôr a nu as mazelas das negociatas que são feitas explorando uma das maiores paixões dos brasileiros.
É bom que fique bem claro desde o começo que aqui não cabem questões pessoais ou ajustes de contas. Não se trata disso, até porque mal algum os cartolas podem causar para quem não depende deles em rigorosamente nada.
Já os leitores têm todo o direito de saber o que se passa por trás da cena armada por quem só pensa em como se aproveitar. E saberão sempre que for possível.
É evidente que para tanto o mau-humor é dispensável, por mais que, às vezes, o estômago doa. Por isso, não faltarão aqui também alguma graça e, principalmente, tudo aquilo que nos faz curtir tanto um gol.
Corintiano, dizem, gosta de sofrer. Não é verdade. Tanto que ainda hoje a comemoração da heróica conquista em plagas gaúchas continua presente, iluminando o caminho de quem acredita que a inspiração perde para a transpiração.
É importante mencionar que a transparência nos acertos e nos erros será sempre o tom que aqui se buscará; razão pela qual esta primeira coluna serve também como uma carta de renúncia ao Conselho Superior dos Esportes, do qual faz parte o colunista.
Nada contra o conselho, muito menos contra o ministro extraordinário dos Esportes, o cidadão Pelé. Ao contrário. Só a preocupação em poder apoiá-lo sem suspeitas, sempre que suas ótimas intenções virarem realidade, e poder criticá-lo lealmente, sempre que isso não acontecer. É obrigatório dizer, ainda, que tal renúncia não representa uma exigência da Folha -representada pela figura de seu diretor de Redação, Otavio Frias Filho, o colunista ouviu, no máximo, que o jornal ``ficaria feliz" com tal atitude.
O ato, na verdade, atende a um apelo da consciência do jornalista, que, se até hoje achou que mesmo com dificuldade era possível conciliar sua atuação como diretor de ``Placar" e membro do conselho, se obriga a partir de agora a não manter mais o vínculo.

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