São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Hamas é o principal adversário de Arafat

DA "PARADE"

O Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), emergiu no final dos anos 80 para se tornar um dos principais adversários do processo de paz.
Devido a sua propaganda, a suas escolas, clínicas, fábricas e a um extenso sistema de previdência social, o Hamas já conquistou a simpatia de um quarto dos palestinos, a maioria dos quais vivem em deprimentes campos de refugiados.
``Rabin esperou demais", suspira Arafat. "Agora seu público voltou-se contra ele. Ele não tem mais margem de manobra."
``Você sabia que Israel ajudou a colocar o Hamas contra nós? Sabia quantas licenças comerciais deram a eles? 700! Depois os americanos ajudaram os outros, treinando combatentes islâmicos no Afeganistão, contra os comunistas. Então eles se espalharam para os Estados árabes, e nos EUA explodiram o World Trade Center..."
``Com todo o seu Exército, Israel não pôde impedir nosso povo de atirar pedras", diz ele, lembrando a Intifada, o levante palestino de 1987-94.
``Então, agora Rabin diz `Impeça-os (os mártires islâmicos) de se matarem'. E fecha nossas fronteiras..."
``O que só agrava as coisas", acrescenta Shaath. "As punições coletivas prejudicam os inocentes, não os culpados. Só impelem as pessoas a mais violência".
Esse era o cerne do problema. Reagindo ao temor e à ira dos israelenses, o gabinete de Rabin queria manter as fronteiras fechadas até que Arafat colocasse os terroristas sob controle -uma tarefa temível.
Shaath sugere que adiemos nossa conversa para outro dia. ``O sr. pode ver porque o presidente está tão preocupado."
``Preocupado? Preocupado??? Estou furioso!", urra Arafat, batendo na mesa com força, seus olhos vermelhos de raiva e seus lábios grossos movendo-se sem pronunciar palavras. Sua vida inteira está em cheque nesse momento dramático. Ele está lutando para manter sua liderança -sua vida.

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