São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Bancos lançam hoje caderneta trimestral

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os bancos vão começar a oferecer aos clientes a partir de hoje uma nova forma de aplicação financeira: a caderneta trimestral.
O governo batizou o novo investimento com o nome de ``depósito a prazo de reaplicação automática". Dirigentes financeiros já apelidaram a aplicação como caderneta trimestral ou ``CDBzão".
A caderneta de poupança tradicional (com a possibilidade de retiradas a cada 30 dias) continua a existir. Só que renderá um pouco menos a partir de agosto, uma vez que o redutor da TR (Taxa Referencial) que corrige o saldo das cadernetas passará de 1% para 1,2%. Houve também a redução na garantia da aplicação de R$ 19.218 para apenas R$ 5 mil.
A nova caderneta deverá ter rendimento pouco maior do que a tradicional só que o prazo da aplicação é de 90 dias e com pagamento de 10% de Imposto de Renda.
O prazo de 90 dias é desvantagem, que pode ser contornada se o aplicador tiver dinheiro para abrir uma nova caderneta todos os meses. Isso significa que terá a possibilidade no futuro de fazer retiradas mensais nas datas de vencimento de cada uma das cadernetas.
A atratividade da nova caderneta vai depender das taxas que os bancos vão praticar na rede de agências a partir de hoje.
A caderneta trimestral terá por remuneração a TBF (Taxa Básica Financeira), que será calculada a partir do rendimento mensal médio dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Dirigentes financeiros estimam que os depósitos hoje na caderneta tradicional (de prazo de 30 dias) devem render 3,83% no dia 3 de agosto. Já as cadernetas trimestrais devem pagar 3,90%.
O governo permitiu aos bancos que ofereçam juros (chamado na legislação de ``prêmio") acima da TBF em função do prazo de permanência do dinheiro na conta.
Ao anunciar a nova caderneta, representantes do governo disseram que agora o pequeno poupador teria uma opção de investimento. Segundo alguns dirigentes bancários, as instituições não deverão pagar juros acima da TBF para pequenas quantias.
O governo quer alongar os prazos das aplicações financeiras, mas não mudou ainda a estrutura dos fundos de investimento. Os fundos de commodities em junho renderam, em média, 3,40%, contra 3,49% das cadernetas.
A vantagem dos fundos de commodities é a possibilidade de retiradas a qualquer momento com rendimento diário passado um período inicial de 30 dias.
Os fundos de renda fixa tradicionais são, no momento, mais vantajosos que a caderneta trimestral. As retiradas com rendimento nos fundos de renda fixa podem ser feitas a cada 28 dias.
Esses fundos renderam, em média, 3,52% no mês passado, rentabilidade semelhante a que os bancos estavam pagando para os grandes investidores em CDBs.
A vantagem das cadernetas trimestrais depende dos limites mínimos exigidos para aplicação. Para se tornarem competitivas, as novas cadernetas precisarão permitir aplicações em valores inferiores aos exigidos pelos fundos de commodities e renda fixa.

Mercados futuros
Os mercados futuros receberam as medidas de desindexação (eliminação da correção automática de contratos) com tranquilidade.
Na sexta-feira, a projeção para os juros nos negócios entre instituições financeiras era de 4% este mês, a mesma do dia anterior.
A estabilidade trazida pelo Plano Real provocou crescimento nos negócios na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), diz Manoel Pires da Costa, presidente.
O volume financeiro passou de US$ 324 bilhões no primeiro semestre de 94 para US$ 1,2 trilhão no segundo semestre de 94 e US$ 1,4 trilhão no primeiro semestre de 95.

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