São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Edu Lobo redescobre antigas canções

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Com arranjos novos, o compositor Edu Lobo, 51, redescobre suas canções em ``Meia-noite", disco que está terminando de gravar em Los Angeles.
Por telefone, Lobo falou à Folha sobre o disco, que deve sair em agosto pela gravadora Velas.
``Meia-noite" reúne 11 composições, todas de Edu Lobo, com exceção de ``Estrada Branca", parceria de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. ``As músicas de Tom sempre enriquecem um disco. Ele conseguiu fazer canções que não são datadas", diz.
O desejo do eterno fez com que Lobo preparasse um disco apenas de baladas. ``Meu objetivo é que as coisas durem, não quero ser o campeão de um verão e esquecido no ano seguinte", diz.
Quando ouve música, prefere discos de baladas de Frank Sinatra, Chet Baker, Nana Caymmi e coisas do gênero. E cita o exemplo de ``Beatriz", que ele grava pela primeira vez. ``Todo mundo conhece, não sei de onde. Não toca em rádio e nunca tocou".
O disco traz outras músicas redescobertas pelo compositor. É o caso de ``Só Me Fez Bem", parceria com Vinícius de Moraes, considerada por Lobo como a canção que iniciou sua carreira.
``Ela foi praticamente refeita do ponto de vista harmônico. E criei introdução e interlúdio", explica.
A única inédita é ``Perambulando", um choro instrumental composto há alguns meses.
O compositor ressalta o trabalho do pianista Cristóvão Bastos como arranjador. Para Lobo, o arranjador é tão importante para uma música quanto um letrista, já que interfere na estrutura da música.
``O público leigo repara primeiro no ritmo, depois na melodia, e, por último, às vezes, na harmonia, que é o mais importante. Harmonia é a estrutura inteira, é o projeto da casa", diz. E Cristóvão refez o projeto da casa.
``Todo mundo sabe que `Aquarela do Brasil' é de Ary Barroso, mas pouca gente sabe que foi o arranjo de Radamés Gnatalli que transformou a música em um sucesso mundial, aquela introdução, por exemplo, é dele", lembra.
Em apenas duas das 11 faixas há instrumentos eletrônicos. E mesmo assim um baixo de seis cordas. No resto, o disco é dominado por pianos, por flautas, por violões e até por uma orquestra de cordas (12 violinos, quatro violas e quatro celos).
Ligado a um som acústico, Lobo não rejeita a apropriação do gênero por roqueiros. ``Instrumento eletrônico tem uma tendência e encher o saco". Para ele, está surgindo uma garotada que quer ouvir um ``som de verdade".

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