São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Todos vencem na guerra das big bands

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DO ENVIADO A NOVA YORK

Aconteceu na sexta o espetáculo mais esperado do JVC Festival: a ``Batalha das Big Bands". O Avery Fischer Hall, no Lincoln Center, abrigou a disputa das orquestras do Carnegie Hall e do Lincoln Center.
São as duas bandas rivais na cena jazzística da cidade. É uma rivalidade entre duas grandes correntes do gênero: a progressista, defendida pela Lincoln Center, e a tradicionalista, pela Carnegie Hall.
A Lincoln Center Jazz Orchestra foi fundada em agosto de 1988 e tem direção do trompetista Wynton Marsalis, 34. Sua especialidade é recuperar arranjos de músicas gravadas das quais não restaram partitura.
Os arranjos de Marsalis tendem ao contemporâneo, com muito metal e percussão. Os pais espirituais são Duke Ellington, Louis Armstrong e Thelonious Monk.
Diferentes são abordagem e estilo da Carnegie all Jazz Band, fundada em 1992. Seu líder, o trompetista Jon Faddis, 42, se diz apaixonado pelos renovadores Gil Evans e Dizzy Gillespie. Ainda assim, o corte clássico se baseia na orquestra de Benny Goodman. A orquestra também encomenda arranjos de jazzistas como Carla Bley e Toshiko Akiyoshi.
A idéia partiu de Marsalis, coordenador do Departamento de Jazz do Lincoln Center. ``Mais do que uma competição, é uma celebração do jazz", disse.
Marsalis se inspirou nas batalhas de big bands, evento comum nos anos 30 em Nova York. Na época, as grandes orquestras realizavam competições reais nos salões de baile, levando torcidas aguerridas, apupando o perdedor e premiando o vencedor.
A nova versão é politicamente correta. Marsalis brincou o tempo todo com Faddis. Os dois simularam uma competição, cada um tentando superar o outro em barulho e achados harmônicos.
Marsalis mostrou-se pouco ao trompete. Preferiu dar espaço aos músicos. Já Faddis optou pela exibição de virtuosismo.
A orquestra do Lincoln Center se mostrou mais devotada ao estilo de harmonias ambíguas de Ellington. A do Carnegie Hall quis fazer o público dançar com standards.
Depois de duas horas de contenda, o resultado foi ecumênico. As duas venceram. Tocaram juntas, numa festa das mais animadas. A platéia dançou e fez uma batalha de palmas em atmosfera de verão.
As ovações maiores se dirigiram à Carnegie Hall, com repertório mais acessível. O público dá o troféu a quem não quebra seus hábitos. (Luís Antônio Giron)

O jornalista LUÍS ANTÔNIO GIRON viaja aos EUA a convite da produção do JVC Festival

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