São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Brasil e Venezuela querem criar a Petroamérica

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O anúncio da criação da Petroamérica, uma associação entre as empresas estatais Petrobrás e a PDVSA (Petróleos de Venezuela) deve ser o principal resultado da visita oficial do presidente Fernando Henrique Cardoso à Venezuela.
FHC chegou ontem a Caracas às 23h20 para uma estada de dois dias no país. Ele foi recebido com honras militares pelo presidente venezuelano Rafael Caldera, 79, no aeroporto Simón Bolívar, a cerca de 40 minutos do centro.
A presença de FHC na Venezuela faz parte do processo de fortalecimento das relações bilaterais, que teve início, no ano passado, com a assinatura do Comunicado Conjunto e Protocolo de Guzmania. O documento foi firmado, em março de 94, por Caldera e pelo então presidente brasileiro, Itamar Franco.
Essa é a sexta viagem internacional que FHC faz. Ele embarcou em Brasília, às 18h07, com 40 minutos de atraso. Acompanham-no à Venezuela os ministros da Justiça, Relações Exteriores, Exército, Comunicações, Minas e Energia e Meio Ambiente.
Dois auxiliares diretos -o chefe da Casa Militar e o da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos)- também estão na comitiva. José Serra, do Planejamento, que estava em São Paulo ontem, vai juntar-se hoje ao grupo.

Crise
A Venezuela, que atravessa séria crise econômica, quer o Brasil como principal parceiro no hemisfério. Além de obter o apoio do Brasil para sua entrada no Mercosul (Mercado Comum do Sul), o governo venezuelano espera que a visita de FHC resulte na assinatura de acordos econômicos.
O principal deles, segundo o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Miguel Angel Burelli Rivas, será a constituição da Associação Energética Latino-Americana, a Petroamérica.
A cooperação entre a Petrobrás e a PDVSA, desde a prospecção até a comercialização de petróleo, é um dos temas do encontro de hoje, às 13h (12h na Venezuela), entre FHC e Caldera, no Palácio Miraflores, sede do governo.
Embora o custo de vida seja elevado no país -institutos econômicos projetam inflação de 91% neste ano-, a gasolina é extremamente barata: com US$ 1 dá para encher um tanque de 35 litros.
O litro de gasolina em Caracas (US$ 0,03) é cerca de 20 vezes mais barato do que em São Paulo (US$ 0,58).
Um Big Mac com batatas fritas em Caracas custa US$ 3,16. Em São Paulo, sai por US$ 2,68. O aluguel de um apartamento de dois dormitórios, calculado entre US$ 777 e US$ 1.000 em São Paulo, fica na faixa de US$ 1.050 a US$ 1.200 em Caracas.
FHC e Caldera assinarão uma declaração, incluindo o convênio de cooperação em telecomunicações, protocolo de cooperação fronteiriça em matéria de comércio, acordo de transporte rodoviário internacional e acordo de proteção recíproca de investimentos.
Os acordos e convênios entre Brasil e Venezuela são o resultado do trabalho da Comissão Bilateral de Alto Nível, formada pelos ministros das Relações Exteriores dos dois países, que se reuniram três vezes nos últimos 18 meses.
A Venezuela também espera concluir as negociações para a venda de energia elétrica da Hidrelétrica de Guri, no sul do país, para a região amazônica.
O comércio bilateral entre Brasil e Venezuela alcançou US$ 815 milhões no ano passado. As exportações brasileiras atingiram US$ 263 milhões, e as exportações venezuelanas US$ 568 milhões.

Colaborou Sucursal de Brasília

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