São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Setor de autopeças teme efeitos da MP

Vendas podem cair 50%, diz Butori

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria brasileira de autopeças teme que as vendas sofram queda de 50% em 96 e que o setor seja obrigado a demitir 100 mil funcionários.
A previsão é de Paulo Butori, presidente do Sindipeças, entidade que representa as empresas fornecedoras de peças para a indústria automobilística.
Segundo Butori, esse cenário vai se tornar realidade se a MP (medida provisória), que estabelece cotas para os carros importados, permitir que as montadoras possam, para cada US$ 1 exportado, importar o mesmo valor em peças e máquinas, pagando apenas 2% de Imposto de Importação.
``As montadoras vão importar tudo da matriz. O setor de autopeças vai deixar de faturar cerca de US$ 6 bilhões em 96. Vamos ser reduzidos pela metade", explica Butori.
Esse é o maior ponto de divergência nas reuniões que estão sendo realizadas entre o Sindipeças e a Anfavea, associação das montadoras. As duas entidades tentam apresentar ao governo uma proposta comum.
``Estamos muito longe de um acordo. Há muita distância entre as posições", diz Butori.
Para o Sindipeças, a única forma de garantir a sobrevivência do setor e evitar o desequilíbrio da balança comercial será adotar a proporção de US$ 2 para US$ 1. Ou seja, para cada US$ 2 exportados pela montadora, ela somente poderá importar US$ 1.
Os fornecedores também querem limitar os incentivos que o governo pretende conceder às montadoras nos investimentos feitos no país.
O governo quer adotar o modelo argentino, que considera valor exportado 40% de todo o investimento feito no país pelas montadoras.
Butori protesta: ``Isso vai provocar um rombo na balança comercial". O Sindipeças propõe que esse incentivo seja reduzido para apenas 10% do total investido.
(APF)

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