São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Belmondo troca aura pela fama

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que fez Belmondo consigo mesmo? O ator de "Acossado", de "O Demônio das Onze Horas" (vulgo "Pierrot Le Fou") marcou a primeira Nouvelle Vague, no fim dos anos 50 ou em meados dos 60, bem antes de estrelar "Os Ladrões" (CNT/Gazeta, 20h).
O que começou com Godard deu a Belmondo a aura de ator de prestígio. Um galã onde a beleza era atributo secundário, um herói intelectual e, sobretudo, herói de um público intelectualizado: o "outsider" existencialista por excelência.
Mas Belmondo preferiu, logo, a popularidade, a condição de um dos atores mais bem pagos de seu país. Como seu país é a França, entenda-se por aí que passou a trabalhar com uma série de cineastas de segunda linha.
E a segunda linha francesa -onde figura Henri Verneuil, diretor de "Os Ladrões"- não se confunde com a norte-americana.
O filme faz parte dessa massa fartamente olvidável de trabalhos que evocam, de alguma maneira, o policial americano, ao contar a história de uma disputa por jóias roubadas.
Assim, a crescente popularidade de Belmondo em determinado momento coincide com a fragilidade dos filmes em que trabalha (destino mais ou menos semelhante ao de Alain Delon), a uma palidez patética dos resultados.
O destino de Belmondo está ligado ao do cinema francês, em que, a um primeiro time, muito forte, corresponde um segundo, irritante por não ser médio, e sim medíocre.
(IA)

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