São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995 |
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Subsídio a usineiros faz o déficit da Petrobrás crescer
CARI RODRIGUES
O governo cedeu às pressões dos usineiros e autorizou aumento de 6% para produtores de álcool combustível e cana-de-açúcar. O reajuste não será repassado ao consumidor. A Petrobrás assumirá o custo, aumentando de R$ 70 milhões para R$ 90 milhões o déficit mensal da chamada ``conta-combustível". O aumento é de 28,6%. Os R$ 20 milhões são suficientes para pagar o salário de 21,4 mil petroleiros (a empresa emprega cerca de 50 mil), com salário médio de R$ 933 mensais, segundo a federação da categoria (FUP). A ``conta-combustível" garante a uniformização dos preços dos combustíveis em diferentes regiões do país e subsidia parte do frete pago pelos distribuidores e revendedores. A conta recebe R$ 0,06 por litro de óleo diesel comercializado e R$ 0,05 por litro de gasolina. O custo do aumento será assimilado pela Petrobrás para que o reajuste não recaia sobre o preço do álcool ao consumidor. A estratégia do governo é manter os aumentos de tarifas públicas sob controle para evitar pressões que elevem as taxas de inflação. O diretor do DNC (Departamento Nacional de Combustíveis), Paulo Motoki, disse que ``uma hora este preço terá que ser cobrado do consumidor, mas que o governo não cogita fazer isto tão cedo". Os usineiros reivindicam ainda defasagem de 33% nos custos, acumulada desde a implantação do Plano Real. Em abril, os produtores receberam outro aumento de 6%, também absorvido pela Petrobrás. Os usineiros esperam nova alta entre agosto e setembro. A Folha apurou que a equipe econômica pretende reajustar tarifas públicas a partir do final de agosto, quando os aumentos serão repassados ao consumidor. O álcool destinado à indústria e o álcool não-carburante -de uso doméstico, por exemplo- não foram reajustados. Outras pressões O governo também enfrenta pressões dos revendedores e distribuidores de combustíveis. Os revendedores alegam defasagem de 45% nos custos, o que significaria impacto sobre o preço ao consumidor de 3%, caso seja concedido aumento na margem de lucro. As distribuidoras reivindicam perdas de 8% a 16% e não aceitam a proposta dos revendedores de dividir ganhos da margem de lucro. Colaborou a Redação Texto Anterior: A bússola paulista Próximo Texto: DNC promete punir o ágio na venda de gás Índice |
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