São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995 |
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Cresce inadimplência no comércio
MÁRCIA DE CHIARA
Até o dia 30 de junho, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registra 1,9 milhão de carnês com atraso superior a um mês. Até 30 de março, havia 1,8 milhão de carnês inadimplentes. O acréscimo de 100 mil novos carnês em atraso é mais do que o triplo do número de devedores que reabilitaram o crédito na última semana de junho, segundo a ACSP. ``Entrou mais gente na lista dos devedores do que saiu", diz Elvio Aliprandi, presidente da ACSP. Segundo Aliprandi, a situação da inadimplência não está sob controle. Motivo: o consumidor ainda não conseguiu quitar as dívidas assumidas no ano passado e enfrenta o aumento do desemprego. Na última semana de junho, a ACSP iniciou uma campanha para reabilitar o crédito dos devedores. Entre os dia 26 e 30 do mês passado, saíram da lista de inadimplentes do SPC 31.456 carnês. Somente nessa semana, as lojas renegociaram a dívida de 6.291 carnês atrasados a cada dia. Isso é 106,4% mais que a média diária de reabilitação de crédito registrada entre os dias 1º e 25 de junho. Junho bateu o recorde histórico na reabilitação do crédito. Segundo a ACSP, 92.425 carnês saíram da lista de devedores, 224,6% mais sobre junho de 1994 e 24,7% acima dos cancelamentos registrados em maio. Bancos Os bancos brasileiros começaram este ano com atraso de US$ 6,4 bilhões em operações de crédito de até um ano e mais US$ 1,9 bilhão após um ano, totalizando um valor recorde de US$ 8,3 bilhões, ou seja, R$ 7,6 bilhões (867.306 carros Fusca 1.6), segundo Erivelto Rodrigues, diretor da consultoria Austin Asis. O número de recorde em atrasos foi apurado após a consolidação de 210 balanços de bancos relativos ao ano de 1994. Os estudos foram produzidos para a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). No ano anterior (1993), os atrasos nos pagamentos junto aos mesmos bancos totalizavam US$ 3,4 bilhões de prazo até um ano e de US$ 0,5 bilhão em prazo superior a 365 dias. Em 1993, os atrasos totalizaram US$ 3,9 bilhões. Os bancos estão agora renegociando as dívidas e as empresas estão até fazendo empréstimos para seus empregados. O maior valor em atraso nos últimos cinco anos era de US$ 5,2 bilhões em 1990. Em 1991, os atrasos totalizaram US$ 4,1 bilhões. Em 1992, foram US$ 3,4 bilhões. Segundo Mário Alberto Dias Lopes Coelho, diretor da Austin Asis, os bancos com o Plano Real passaram a emprestar mais e com menor critério de análise na concessão de crédito. Construção O aumento da inadimplência e das taxas de juros no primeiro semestre do ano foi uma ducha de água fria para que vende material de construção. O setor fecha os primeiros seis meses de 1995 com queda de 10% no faturamento real. Nos últimos 60 dias, a encomenda do comércio para a indústria caiu pela metade, segundo Claudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. Colaborou a Redação Texto Anterior: Arriortúa deve anunciar fábrica Próximo Texto: EUA reduzem as taxas de juros Índice |
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