São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Saúde tem US$ 3,2 bi de equipamentos sucateados

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de US$ 3,2 bilhões em equipamentos médico-hospitalares estão sucateados no país por falta de gerência ou manutenção. O desperdício equivale ao custo de construção de 160 hospitais de 200 leitos, com todos os equipamentos instalados. A estimativa é do Ministério da Saúde.
O prejuízo sócio-econômico provocado por essa montanha de equipamentos quebrados ou descalibrados é incalculável. Milhões de exames e tratamentos podem estar sendo feitos sem qualidade e segurança mínimas. Pacientes correm o risco de choques elétricos e queimaduras.
O diagnóstico da rede hospitalar já é conhecido em Brasília há pelo menos quatro anos. Só agora a terapia começa a ser aplicada. A partir de um programa do Ministério da Saúde -o Proequipo-, o Estado de São Paulo está iniciando a implantação de um sistema de manutenção de equipamentos.
A missão está a cargo do Departamento de Equipamentos de Saúde -DES- da Secretaria da Saúde. ``A primeira constatação é a de que a rede pública compra mal e não investe na manutenção", diz Tisuko Sinto Rinaldi, diretora do DES. Segundo ela, normas internacionais indicam que 5% do valor do equipamento devam ser investidos todo ano em manutenção.
No Estado de São Paulo, os gastos com esse item tem sido 30 vezes menor. A Organização Mundial da Saúde sugere a contratação de um engenheiro clínico -especialista na manutenção e qualidade dos equipamentos- para cada 350 leitos. ``Só o Estado de São Paulo -que tem 100 mil leitos- precisaria de 3.000 engenheiros. Não tem 50", diz Tisuko.
Os técnicos em manutenção hospitalar, que deveriam ser 9.000, não passam de cem.
``O mal uso do equipamento por falta de treinamento causa 60% de todos os defeitos", diz Oswaldo Bertolino de Araujo, do Departamento de Normas Técnicas do Ministério da Saúde.
Ao contratar manutenção de terceiros, a demora passaria de 5 dias para um mês, no mínimo. ``Milhares de exames ou tratamentos deixam de ser feitos em prejuízo do paciente e da rede pública", diz Araujo.
O projeto de manutenção que São Paulo começa a implantar pode servir de modelo para o Ministério da Saúde. Sete sistemas estão sendo montados nas cidades que sediam faculdades de medicina e concentram clínicas e hospitais. O projeto -que deve custar R$ 2 milhões- é uma parceria entre Estado, prefeituras, diretores de hospitais e universidades.
Uma equipe multidisciplinar vai se encarregar da calibragem e manutenção dos equipamentos. Jaú já começou a implantação. Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Marília, Sorocaba e Taubaté são as próximas.

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