São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995 |
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O chato
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE Chato, metido, pretensioso, antipático, vaidoso, mal-educado etc. Em uma enquete informal de cinco minutos, foi possível colecionar essa série de elogios com uma simples pergunta: ``O que você acha de Schumacher?"É claro, o campo de pesquisa foi restrito e se resumiu a um quarteirão de São Paulo. Mas o resultado não seria muito diferente em outros quarteirões do planeta. Uma constatação reveladora: das centenas de jornalistas que frequentam as salas de imprensa dos circuitos da F-1, um dos grupos que mais torcem contra Schumacher é, exatamente, o de seus compatriotas. No GP de Mônaco, por exemplo, os jornalistas alemães se divertiram urubuzando não Schumacher, mas seu irmão Ralph, na corrida de F-3. Ossos do ofício. Schumacher é o atual campeão e aumentou bastante sua cotação para o título deste ano após Magny-Cours. Outros campeões sentiram esse ódio do público e da mídia, que insiste em apoiar cachorro morto. Alain Prost, por exemplo, era o inimigo público número um, pelo menos no Brasil, há alguns anos. E o próprio Ayrton Senna, agora santificado, sofreu com apelidos e insinuações. Mas como acontecia com Senna -atenção, não estou dizendo que os dois são iguais-, Schumacher faz seus detratores se curvarem a cada exibição nas pistas. E a última foi de tirar o chapéu. O alemão não foi apenas superior a Hill. Fez uma corrida estupenda e segura -para evitar surpresas, como no Canadá. Em uma prova de 72 voltas, marcou o giro mais rápido da corrida na de número 51. Naquele momento, liderava com folga e tinha a pista livre à frente. Schumacher aproveitava para fomentar sua vantagem em relação a Hill, somando segundos para compensar uma eventual parada de emergência que, no final, nem aconteceu. Outro recurso antigo, utilizado na prova francesa: antes de fazer suas paradas, Schumacher aumenta o ritmo e tira o que pode dos pneus que irá deixar nos boxes. São décimos de segundo, mas, como se sabe, isso pode fazer falta mais tarde. Com o GP da França, Schumacher já está no ``top ten" da lista dos pilotos que mais venceram. Tem 14 vitórias, o mesmo número que Emerson Fittipaldi, Jack Brabham e, quem diria, Graham Hill. Talento parece ser característica genética apenas na Indy. Texto Anterior: Esperança dividida entre duas camisas Próximo Texto: Notas Índice |
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