São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995 |
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O horizonte imprevisto Poeta e físico discutem a importância do acaso ELVIS CESAR BONASSA
O curioso encontro de um fundamento comum entre ciência e arte foi um dos principais temas do debate entre o poeta Haroldo de Campos e o físico Luiz Carlos de Menezes. Parte da série ``Diálogos Impertinentes", promovido pela Folha e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o debate aconteceu na semana retrasada. Foi transmitido pela TV PUC, através do canal 32 da rede a cabo NET. A série continua até novembro (veja programação ao lado). Menezes fez uma apresentação da física que pouco faz lembrar equações matemáticas ou fórmulas incompreensíveis. Para ele, a ciência está muito mais próxima de formulações estéticas. ``A física do começo do século para cá é uma física muito das grandes harmonias, muito mais fundada na idéia de estética e de harmonia do que na idéia de intervenção e de causalidade. O acaso e a física estão muito mais próximos hoje do que nunca estiveram." Haroldo de Campos lembrou que foi o tradutor do poema ``Um Lance de Dados", de Mallarmé. Esse poema, de 1897, prefigurou, no entender de Campos, todo o mundo da física moderna. ``O tema básico desse poema é a luta do homem com o acaso. Na idéia de que um lance de dados jamais abolirá o acaso, a não ser por um breve momento, fugaz, estará a idéia de vida, a idéia daqueles organismos que conseguem, por fugazes momentos, suspender a marcha irreversível da entropia e, de certa maneira, resgatar a ordem do acaso, um cosmos do caos." Leia abaixo os principais trechos do debate, realizado em um auditório da PUC-SP. Texto Anterior: Os restos da festa Próximo Texto: `A vida é fronteira do caos; o poema é constelação resgatada do acaso' Índice |
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